Fotos: Alair Ribeiro/MídiaNews
Publicado originalmente no site Mídia News, em 26.11.2017
Morador de Cuiabá constrói réplica de cinema dentro de casa
O sonho de criança de Tadeu Ferraz vira realidade nos fundos
de sua residência, no Santa Rosa
O consultor imobiliário Tadeu Ferraz conta a história da
réplica do Cine Alvorada
Por Cíntia Borges
O consultor imobiliário Tadeu Ferraz, de 61 anos, jamais se
conformou com o fechamento do único cinema de sua cidade natal, Águas Formosas
(613 Km de Belo Horizonte).
Foi em uma viagem de férias à cidade, de onde saiu aos 15
anos, que ele se deparou com a nova realidade: o Cine Alvorada, onde passara
boa parte da infância e adolescência, havia se transformado em uma igreja
evangélica.
As lembranças do lugar onde desenvolveu sua paixão pela
sétima arte - e o sentimento de impotência com sua nova condição - o
perseguiram durante anos em Cuiabá, para onde mudou na década de 80.
Angústia que ele conseguiu estancar há cerca de 15 anos,
quando decidiu construir, em sua casa, uma réplica do Cine Alvorada.
Da decepção a realização do sonho, foram quatro anos de
construção e muito suor.
Nos fundos de sua ampla casa no Bairro Santa Rosa, o sonho
foi tomando forma em uma edificação de dois andares.
Na escadaria, um mosaico do filme "Cantando na
Chuva" (1952) ainda incompleto. “Ali vai ser instalada uma luz, mas por
enquanto estou sem tempo”, diz Tadeu, detalhando um pouco sua obra inacabada.
Ao subir os lances de escada, o encontro com a réplica do
cinema que o marcou: um verde-água dá o tom à parede, assim como no original. A
bilheteria, o portal, e a entrada são como o do saudoso cinema da pequena
cidade mineira. O letreiro quase idêntico ao de Águas Formosas também está lá,
imponente no alto da construção.
Nas paredes, as lembranças de filmes que preencheram uma
vida: o "Poderoso Chefão", "Casablanca"... Há ainda espaço
para imagens de ídolos como Robert De Niro e Marlon Brando.
Coladas nas paredes, frases marcantes, como a da personagem
Scarlett O'hara, do clássico "...E o Vento Levou": "Deus é minha
testemunha, eu nunca passarei fome novamente".
A réplica do Alvorada tem oito cadeiras e funciona apenas
para prazer do cinéfilo, que assiste aos filmes na companhia de amigos e
parentes.
A paixão começou pela mãe. Na década de 50, ainda uma
criança e por não poder entrar no cinema, a mãe assistia a película e contava –
com riqueza de detalhes – toda a história. Ali, nascia o amante da sétima arte.
Filme preferido
O filme preferido Tadeu, no entanto, não é nenhum que tenha
embalado sua infância e nem o primeiro a que assistiu na saudosa sala do
cinema.
“Cinema Paradiso”, de 1988, tem um motivo para ser o
preferido: conta a história de uma criança, que vivia em uma cidade interiorana
na Itália, e tinha no cinema a janela para o Mundo, assim como Tadeu era na
infância.
“Ninguém pode deixar de ver Cinema Paradiso”, recomenda.
O filme conta a história do garoto Toto (Salvatore Cascio),
que, hipnotizado pelo cinema local, iniciou uma amizade com Alfredo (Philippe
Noiret), projecionista que se irritava com certa facilidade, mas tinha um
enorme coração. Todos estes acontecimentos chegam em forma de lembrança quando
Toto (Jacques Perrin), agora um um cineasta de sucesso, recebe a notícia de que
Alfredo faleceu.
Indicações
Além do "Cinema Paradiso", Tadeu tem como
referência a trilogia "O Poderoso Chefão". “Eu chamo os amigos do meu
filho para ver pela milésima vez. Assistimos na sexta, no sábado e outro no
domingo”.
Ainda naconversa com a reportagem, Tadeu ainda o clássico
"1900", de Bernardo Bertolucci, e "Frida", o filme que
conta a história de Frida Kahlo. “Espero alegre a partida, e espero nunca mais
voltar", diz ele, sobre a frase final do filme.
Texto e imagens reproduzidos do site: midianews.com.br
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