Cinéfilos incluídos. Acessibilidade para diferentes tipos de
necessidade nos cinemas.
Por Ricardo Shimosakai
Espaços para cadeira de rodas, intercaladas por
poltronas para acompanhantes e pessoas com deficiência andantes ou com
mobilidade reduzida
Inda é difícil encontrar cinemas que atendam
satisfatoriamente aos diferentes tipos de necessidade apresentadas pelo público
espectador. Mas alguns conseguem atender melhor a um segmento específico. Então
uma avaliação foi realizada para identificar essas boas práticas, com
indicações dos próprio usuários.
O cinema ideal para deficientes físicos
Na edição especial do Guia que avalia as 45 salas de São
Paulo, ganharam pontos extras os exibidores com boa acessibilidade. Mas, para
facilitar a vida de um cinéfilo portador de necessidades especiais, não bastam
rampas ou elevadores. Para começar a série de posts ’Meu Oscar’, na qual
pessoas com perfis fora do padrão indicam os endereços que melhor atendem às
suas exigências, o blog pediu ao deficiente físico Anderson Santana, de 22 anos,
a indicação dos melhores (e os piores) cinemas para quem tem problemas de
mobilidade.
O auxiliar de enfermagem usa muletas desde a infância e diz
que as dificuldades costumam começar logo na entrada dos multiplex. “Às vezes,
os funcionários ficam inibidos de oferecer ajuda, com medo de me constranger”,
afirma. Mas constrangimento maior ocorre quando ele precisa mostrar as muletas
a alguém na bilheteria, para “provar” que merece desconto (há uma política, não
legislada, de conceder meia-entrada a deficientes).
Não bastam rampas ou elevadores para deficientes
físicos como Anderson Santana, de 22 anos
Quando vai ao cinema com amigos cadeirantes, o problema são
os assentos reservados a eles – geralmente nas primeiras fileiras, com péssima
visibilidade. “No Cinemark Aricanduva é assim. Nem todos os meus amigos
couberam no espaço. A gente mesmo que teve de se ajeitar, sem ajuda de
ninguém”, relembra. Outro problema: lá, os funcionários se recusaram a dar
preferência para Anderson e sua turma na fila, para “evitar represálias de
outros clientes”.
O auxiliar de enfermagem diz que o Cinemark até já participou
de encontros com pacientes da AACD, onde ele trabalha, para saber como oferecer
mais conforto a deficientes. Em uma das filiais, a iniciativa está rendendo: se
tivesse de dar um Oscar de “melhor cinema para portadores de necessidades
especiais”, Anderson elegeria o do Shopping Metrô Santa Cruz. “A equipe de
funcionários é a que mais ajuda”, diz. E, para levar usuários de cadeiras de
roda, ele recomenda o Cinemark Pátio Paulista: “A área reservada é ótima e você
não paga estacionamento”. (Dado Carvalho)
O cinema ideal para a terceira idade
O aposentado Alfredo Abdalla, de 75 anos, vê pelo menos um
filme toda semana há mais de 25 anos e já visitou projeções em vários países.
Na capital paulista, nem mesmo o despreparo dos cinemas para atender o público
da terceira idade o intimida. E olha que os percalços são muitos: salas cheias
de degraus, longas filas de espera, som desregulado.
Antes das sessões do Central Plaza, por exemplo, Alfredo
sabe que tem de proteger os ouvidos. É
que lá, os trailers e comerciais passam em um volume exagerado. Aliás,
os funcionários também costumam pesar a mão no termostato do ar-condicionado.
Mas isso, pelo menos, tem solução: “Eu reclamo mesmo com os atendentes.
Normalmente eles atendem”.
Para enfrentar outros problemas, melhor contar com uma ajuda
mais próxima – como a de sua mulher, Janice, 72 anos, que sempre o acompanha.
“As salas do Bristol, por exemplo, não têm boa iluminação no chão. Quando ficam
escuras demais, um se segura no outro para não cair”, reclama. No geral, porém,
ele aprova o multiplex localizado no Center 3 – e recomenda para outros
cinéfilos de sua faixa etária. “A qualidade da projeção é muito boa.”
E ele acrescentaria mais vencedores em sua lista se os
cinemas retomassem dois bons hábitos do passado. O primeiro é proibir comida na
sala de exibição. “Sempre passo a mão no assento para ver se está limpo, pois
um amigo até já sentou em uma cadeira úmida de refrigerante um dia desses”,
afirma. O outro é a volta da sessão às 20h: “Agora só há horários às 19h e às
21h. Uma é muito cedo e a outra termina muito tarde”. (Susan Eiko)
Ideal para os mais baixos
A popularização das salas em formato stadium facilitou a
vida de quem gosta de ir aos cinemas. Mas ainda tem gente que sofre quando
alguém muito alto senta-se na cadeira da frente. É o caso da pedagoga Camila
Pal, de 28 anos – a quinta convidada da série de posts ‘Meu Oscar’.
Camila Pal, de 28 anos, mede 1,53 m e diz que sofre
com pessoas altas sentadas à sua frente
Camila mede 1,53 m “e meio centímetro”, ela faz questão de
enfatizar. “Quando a gente é
pequenininha, isso faz uma enorme diferença”, brinca. Ela está 5 cm
abaixo da média de altura das brasileiras (1m58) e passa maus bocados quando
vai a um cinema sem muita inclinação. Não a convide, por exemplo, para ir ao
Cine Bombril. “Lá é praticamente plano”, reclama. “Qualquer pessoa que sentar
um pouco mais ereto, atrapalha. Aí, o jeito é dar uma viradinha para o lado e
pegar o vãozinho entre as poltronas, sabe?”
Enquanto o Guia elege as melhores telas da cidade na edição
especial Oscar das Salas de Cinema, que circulou na sexta (5), Camila tem seus
próprios ‘Oscars’ para distribuir. Para outros cinéfilos com altura próxima à
sua, ela recomenda: “Vá ao Shopping Metrô Boulevard Tatuapé e o UCI do Shopping
Anália Franco. A inclinação é excelente, impossível não ver a tela. Depois que
conheci os dois, não vou em outro”. (Dado Carvalho)
Se você é alto, esta sala é para você
Caio Caruso, de 33 anos diz que, por falta de espaço,
sempre tem dores após uma sessão de cinema
Caio Caruso, de 33 anos, tem as credenciais ideais para
participar da nossa série de posts ‘Meu Oscar’. Com 1,96 m, Caio é um bom
representante de outro grupo que sofre nos cinemas: os altos.
“Toda vez que vejo um filme, saio da sessão com dores na
região lombar”, reclama. Isso porque ele considera quase todas as cadeiras da
rede Cinemark pequenas para seu tamanho. Como o encosto é ‘curto’, se ele
escorrega para a frente, as costas ficam tortas. Se fica na posição correta,
ouve comentários ácidos vindos da fileira de trás. “A solução, para mim, seria
uma regulagem de altura ou cadeiras maiores”, afirma.
Formado em artes visuais, Caio tem olhar crítico: sentar
perto do corredor para esticar as pernas, nem pensar. “Meu lugar preferido é o
centro, tanto vertical como horizontalmente, que é o mais favorecido pelo
sistema de som e tela.” A solução? O Kinoplex Itaim. “É o único onde não me
sinto apertado”, afirma. “As cadeiras são mais confortáveis e o encosto é um
pouco mais alto, o que me dá mais apoio para as costas.” (Susan Eiko)
Ideal para as crianças
Tatiana Galli, de 34 anos, mãe de Eduardo, 12,
e Igor, 5, diz que os buddy seat são muito duros
Filmes infantis são um dos segmentos mais rentáveis para as
distribuidoras. Para se ter uma ideia, até o lançamento de Avatar, o filme mais
visto de 2009 no Brasil havia sido A Era do Gelo 3. Mas parece que os
exibidores ainda não se deram conta da importância desses ‘miniclientes’.
Guloseimas pouco nutritivas há aos montes nas bonbonnières. Mas assentos
especiais para a estatura das crianças, por exemplo, são uma raridade.
Quando Tatiana Galli, de 34 anos, vai ao Cinemark Center
Norte com os filhos Eduardo, 12, e Igor, 5, já sabe que terá de aguentar a
sessão quase sem se mexer. É que o caçula não consegue ver direito a tela e
prefere se sentar no colo da mãe. “Ou então no braço da cadeira, mas não é
bom”, diz o garoto. Só não tente convencê-lo a usar o buddy seat, aquele
suporte especial para deixar a criançada mais alta na poltrona. “É duro demais!
Ele volta para casa todo dolorido”, diz Tatiana. E, segundo ela, o acessório é
difícil de ser encontrado. Por isso, na hora de pegar um filminho em família,
ela checa antes se o cinema tem formato stadium. Um dos que ela recomenda é o
Cinemark Metrô Santa Cruz.
Na hora da comida, é aquela farra. “O Igor come toda a
pipoca e eu bebo todo o refrigerante”, confessa Eduardo. Tatiana concorda que
poderia haver opções mais saudáveis no cardápio, mas se diz tranquila porque os
filhos têm bons hábitos alimentares no dia a dia. “Uma pipoca de vez em quando
não faz mal a ninguém”, brinca. (Susan Eiko)
Fonte: Estadão
Texto e imagens reproduzidos do site: turismoadaptado.com.br
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