Publicado originalmente no blog BOX DIGITAL, em 17 de julho
de 2013
Por Letícia Moreira
Em pouco tempo, a tecnologia 3D invadiu salas de cinema em todo o mundo. O filme Avatar, de James Cameron, apesar de não ser o primeiro filme produzido em 3D, inaugurou uma nova era tecnológica e cinematográfica com várias superproduções em três dimensões, que já foi aderida também em televisores, internet e até celulares.
Mais do que uma mudança técnica e estrutural, o cinema 3D transforma as formas de recepção da obra pelo espectador e a experiência estética diante do universo quase interativo que é o filme em três dimensões. A sensação de estar no filme impressiona e agrada a muitos espectadores.
A obtenção de uma imagem em três dimensões não é simples e se aproveita do fato de o ser humano possuir uma visão binocular, ou seja, cada olho enxerga uma imagem diferente e o cérebro as combina em uma única.
Antigamente utilizavam-se imagens anáglifas para produzir esse efeito, as quais possuem duas camadas de cor (uma vermelha e outra azul ou verde) e os óculos coloridos serviam justamente para forçar o cérebro a unificar essas camadas. Atualmente utiliza-se a tecnologia 3D digital, que apesar de não utilizar camadas de cores, utiliza imagens polarizadas diferentemente que são unidas pelas as lentes dos óculos utilizados nessa nova tecnologia, ao invés de possuírem cores diferentes, são polarizadas também diferentemente para captarem essas imagens. Essa técnica de transmitir duas imagens em uma mesma passagem do filme é chamada de estereoscopia.
Embora pareça uma descoberta moderna, os estudos nessa área começaram há mais de meio século. Muitos afirmam que: “em 1972 “Ed Catmull (fundador da Pixar) e seus colegas de trabalho, criaram o primeiro filme em 3D do mundo. Ainda rústico, era uma versão animada da mão esquerda de Ed.” (LOPES, 2011)”.
A indústria cinematográfica busca inovações como uma forma de sobrevivência. Quando a televisão começou a ganhar destaque, “ameaçando” o cinema, este inovou em termos de som e imagens digitais. Hoje, em meio à facilidade de acesso aos produtos (pirataria, internet, entre outros) e com o avanço de tecnologias como Home Theater, a produção tridimensional surge como uma “salvação” para a indústria da sétima arte, apesar de que alguns televisores domésticos já apresentem essa função.
Nas análises de Muniz Sodré sobre o campo midiático, em seu texto “O Ethos Midiatizado”, ele mostra que o avanço das tecnologias de imagem e som têm transformado o campo do audiovisual, de modo de agora, mais do que simplesmente representados, “os fatos e coisas são reapresentados a partir da simulação de um tempo vivo e real, (…) que supõe um outro espaço-tempo social” (SODRÉ, 2002, p. 17, grifo próprio.). Nesse contexto, o cinema 3D é um bom exemplo de como as novas tecnologias têm buscado cada vez simular a realidade, de modo a aproximar o sujeito, criando uma nova forma de interação e de fruição – o sujeito agora entra na história. Essa nova forma de contar histórias vêm transformando significativamente a relação que o sujeito estabelece com o filme, a recepção que se dá, não só pela técnica empregada, mas principalmente porque junto com ela uma nova linguagem vem sendo formada.
FONTES:
Tecmundo;
Ideia Fixa
SODRÉ, Muniz de Araújo Cabral. Antropologia do espelho: uma teoria da comunicação linear e em rede. Petrópolis: Vozes, 2002.
Texto e imagem reproduzidos do blog: boxdgtl.wordpress.com
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