Texto publicado originalmente no site todateen, em 14 de
abril de 2021
Netflix, Disney +, HBO Max e mais: o streaming pode acabar
com o cinema e a televisão?
By Nicoly Bastos
Talvez você mal se lembre, mas a forma de consumir filmes,
séries e documentários na década passada era através das famosas locadoras. As
produções levavam até anos para sair da sala do cinema e chegar a esses locais
e à programação da televisão, que tinham um certo poder sobre elas. Com a
chegada do digital, esse período de tempo começou a diminuir cada vez mais e
novas formas de assistir aos conteúdos se destacaram.
O cinema era o local onde as produções saíam com exclusividade. As TVs ainda tinham o direito das séries e outros conteúdos exclusivos. Porém, há poucos anos o streaming chegou e essa hegemonia das telinhas e das telonas sobre boas produções acabou tendo fim. Streamings como a Netflix surgiram e hoje em dia dominam até mesmo as principais indicações em premiações importantes da TV e do cinema.
Em 2021, podemos ver produções vindas dos streamings ganharem espaço no Globo de Ouro e na atual edição do Oscar. Foram 42 nomeações a filmes e séries produzidas ou distribuídas pela Netflix que estiveram presentes no primeiro, um recorde que demonstra a proporção desse fenômeno. Além disso, pelo segundo ano consecutivo, a Netflix e a Amazon lideram as indicações da maior premiação do mundo do cinema. Outros serviços de streaming, como Apple TV e Disney+, garantiram suas primeiras indicações ao prêmio.
mas por qual motivo eles vieram para ficar?
O especialista conta que a Netflix foi pioneira ao fazer
isso acontecer. “Principalmente à visão do Reed Hastings – fundador do Netflix,
que mudou o paradigma da produção e distribuição de conteúdo. Criou um modelo
global de produção e distribuição, apostou na descentralização da produção e no
DTC (direct to consumer)” – que significa a estratégia usada que faz com que os
consumidores comprem diretamente das marcas.
Além disso, é inegável que a pandemia do coronavírus teve um papel importante para os streamings darem um grande passo em sua consolidação. “Com o fechamento das salas de cinema e o confinamento dos consumidores em casa, acelerou esse processo que já era muito importante de acontecer”, diz Ricardo.
o surgimento dos streamings pode acabar com o cinema e a televisão?
Redes de televisão aberta e por assinatura, com grade de
programação linear, vão continuar perdendo relevância. “A distribuição no
futuro será toda por streaming. Acredito que as boas salas de cinema
continuarão sendo relevantes, principalmente as excelentes salas Imax, mas
nunca mais terão a mesma importância que tinham pré pandemia“, diz o
especialista.
Ele também acredita que a hegemonia de Hollywood vai diminuir com produções de outras regiões ganhando mais importância. As redes de TV e o cinemas precisarão pensar em novas estratégias para que não acabem muito prejudicados.
“Será mais livre, democrático e diversificado. A Globalização da produção chegou para ficar. As plataformas de streaming gratuitas baseadas em publicidade vão crescer muito, serão a nova TV Aberta. Os cinemas vão exibir só os grandes blockbusters e provavelmente com exibição simultânea ou quase simultânea com os streamings premium. A Warner fez essa experiência com Kong vs Godzilla e foi um grande sucesso tanto nos cinemas quanto na HBO MAX“.
Vale lembrar que a aposta já ocorre, também, no Disney+. Você não precisará sair de casa para assistir Cruella e Viúva Negra. Ambos os filmes terão estreias simultâneas nos cinemas e streaming, de acordo com o estúdio. A tendência é que isso aconteça cada vez mais.
No entanto, Ricardo acredita mais na reinvenção do que no fim do cinema e da televisão por completo, além de novas opções no mercado, que podem beneficiar tanto os produtores de conteúdo quanto os consumidores. Aumento da concorrência, da diversidade regional e a melhoria da qualidade da prestação de serviços são alguns pontos positivos que surgirão de tudo isso.
“O rádio existe até hoje. O que já acabou é a hegemonia da distribuição de conteúdo, especialmente no Brasil, que foi por décadas dominado por grandes emissoras.”
como escolher a melhor opção para ver filmes e séries entre tantas opções no mercado?
“Esse é um ótimo problema, nunca tivemos tanta oferta de
conteúdo de qualidade. O boca a boca ainda é a melhor forma de escolha, mas a
tecnologia de inteligência artificial já nos conhece melhor do que nós mesmos
nos conhecemos, tem um lado bom, mas pode ser perigoso e os formuladores de
políticas públicas precisam estar atentos e os consumidores preparados para
impor os seus limites“, finaliza Ricardo.
Texto reproduzido do site: todateen.uol.com.br
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