quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Memórias de Alagoas, por Odilon Rios

Publicação compartilhada do site O JORNAL EXTRA, de 21 de outubro de 2023 

Memórias de Alagoas, por Odilon Rios

Os primeiros cinemas de Alagoas - Casa dos Artistas (RJ), 1938

 A exibição dos primeiros filmes, ainda mudos, foi tratada como a "decadência do teatro" e o "advento do cinema". Alagoas, 1938. Um artigo publicado na Casa dos Artistas mostrava que Maceió tinha 25 cinemas, 20 deles aparelhados com som. As primeiras exibições aconteceram nos últimos anos do século 19, no prédio de número 57, na praça Floriano Peixoto, onde funcionou o Telégrafo Nacional. Era a "fase experimental da cena muda", inaugurada por Verissimo Mendes Pereira "com um aparelho Faison, a luz 'oxyeterica'".

A maquinaria ficou pouco tempo ali. Foi transferida para o Teatro Maceioense e exibidos os primeiros filmes: "Vendedor de Melancia" e "Beijos de Safo". Seguiu-se os anos de 1906 e 1907 quando chegaram produções de mais de uma parte do mundo: "Filho do Diabo em Paris" e "Cães Contrabandistas". Em 1908 o cinema entrou em uma fase de estabilidade nas exibições locais. O Teatro Maceioense foi adquirido por Carneiro Tiririca que fundou o Teatro Cinema Delícia. Já havia também o Cinema Helvética (na rua do Comércio) e o Cine-Teatro Floriano Peixoto.

O Teatro Deodoro, nesta época, arrendava suas instalações para a exibição de filmes. Estes cinemas e outros que surgiam tinham uma característica comum: vida curta. Não se sustentavam financeiramente. Mesmo assim, eles pipocavam em outros lugares. O Cinema Moderno estava instalado no bairro do Farol, o Cinema Popular na avenida Moreira Lima, dividindo espaço com o Cinema Paz e Amor (esquina da rua Barão de Alagoas) e o Cinema Pathé onde antes era o Cinema Helvética.

A chegada da Primeira Guerra Mundial (1914) expandiu o cinema norte americano. Em 1917 veio a estreia das produções da Fox-Films e Paramount, "revolucionando a técnica da arte muda", e era possível assistir a telona aos primeiros galãs, como William Farnum, Wallace Reid, George Walsh, Theda Bara.

Em 1929, o cinema Floriano introduziu o filme sonoro. Onze anos depois, apenas o cinema São José, de Fernão Velho, não tinha este sistema. Ao mesmo tempo, a cidade tinha dois cineteatros (Floriano e Delícia); quatro cinemas (Royal, no Centro; Ideal, na Levada; Glória, Pajuçara; e Avenida, no Poço). Em 1937, os cinemas de Maceió haviam realizado 3.180 sessões, com 377.033 espectadores. Aos poucos, as salas de projeção foram entrando nos interiores.

Em 1912, foram fundados os cinemas de Penedo (Cinema Ideal, capacidade para 596 pessoas), Atalaia (Cine-Club, 212 espectadores), Viçosa (Cine -Aliança, 390). Um ano depois, em Pilar (Cinema Eden, 80). Em 1915, foi a vez de São Miguel dos Campos (Cinema Ideal, 350). Cinco anos depois, Capela (Cine-Teatro 16 de Outubro, 404). Em 1921, foi inaugurado o Cine-Teatro Fenix, 270 espectadores. Em 1922, a vez de Palmeira dos Índios e seu Cine Palmeirense, capacidade para 398 pessoas.

Em 1924, o Cine-Universo, em Murici (50 pessoas). Em 1928, veio o Piaçabuçu (Cine-Teatro Fanal, 250) e Rio Largo no ano de 1930 e seu Cine-Teatro Cachoeira. Nos anos seguintes abriram salas em Água Branca (Cine-Teatro Pedra, 360 pessoas), Coruripe (Cinema São Luiz, 250) em 1935; Quebrangulo (Cine-Império, 300 espectadores) em 1937; Arapiraca e o Cinema Glória, capacidade para 300 pessoas, em 1938 and Pão de Açúcar (Cine-Teatro Moderno, 175 pessoas). Uma anotação: em União dos Palmares, dos 18 estabelecimentos de cinema que operavam em 1938, apenas 4 não tinham exibição com som. Nos outros lugares pelo interior, este sistema só chegaria na década de 30.

Texto e imagem reproduzidos do site: ojornalextra com br

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