Salão do Metro-Passeio, dando uma idéia da largura do palco original, já com a tela de CinemaScope instalada. A foto foi tirada do mezanino do cinema,
dando uma idéia da largura do auditório.
Texto publicado originalmente no site webinsider
Ascensão e glória dos cinemas Metro
Por Paulo Roberto Elias (colaboração de Ivo Raposo)
A gente hoje vai a um cinema multiplex, salas bem
projetadas, todas computadorizadas, e parece que tudo anda bem, até que alguma
coisa dá errado. Uma vez, eu estava na plateia de um deles, quando o filme se
partiu, e só depois de uns vinte minutos mais ou menos, já com o gerente
pedindo paciência às pessoas, é que tudo voltou ao normal.
Para quem era frequentador dos antigos palácios, a ida aos
multiplex evoca uma mistura de sentimentos: as salas atuais são “frias”, não só
pelo exagero do ar condicionado, como também pela ausência do clima e do
ambiente que fizeram das grandes salas do passado o seu principal atrativo.
Além disso, alguns dos antigos palácios eram não só
construções magníficas, como também eram operadas por técnicos cuja competência
iria garantir o bom andamento das sessões, por anos a fio. E foi dentro deste
escopo que os cinemas construídos pela M-G-M se notabilizaram por décadas, sem
falhas na projeção ou no som, até que eles encerrassem suas portas em
definitivo. Um resumo desta história é mostrado a seguir.
As salas de exibição da Metro
Não há quem tenha entrado pela primeira vez num dos antigos
cinemas Metro e não tenha ficado surpreso com a qualidade técnica e com o
ambiente de alto nível, do hall de entrada até a saída. E, no entanto, eram
cinemas populares, no sentido de quem ninguém pagava mais caro pelo ingresso,
para ter acesso às suas dependências. Certamente muito mais acessíveis ao bolso
do que os multiplex de hoje, e ainda assim eles ganhavam em superioridade em
todos os quesitos.
Muitos estúdios norte-americanos que por aqui marcaram
presença não repetiriam a façanha de criar a sua própria cadeia de cinemas,
como o fizeram nos Estados Unidos. Ao invés disso, preferiram criar parcerias
com os exibidores locais, e no caso específico da M-G-M, esta parceria se
concretizou inicialmente com o exibidor Severiano Ribeiro, no Rio de Janeiro.
Ou ainda, como no caso paulista, onde o estúdio arrendou vários cinemas, a
partir do fim da década de 1920.
Mas, isso aconteceu até o momento em que a empresa
controladora do estúdio, Loew’s Inc., começou a construir cinemas no mundo
todo, para escoar a grande produção de filmes da M-G-M. Em Nova York, o
arquiteto escocês Thomas White Lamb já havia tomado a iniciativa de construir
grandes palácios para projeção dos filmes da Loew’s, mas no Brasil a construção
dos cinemas Metro ficou por conta dos escritórios de Robert R. Prentice e do
engenheiro arquiteto e urbanista Adalberto Szilard.
Para se ter uma ideia hoje do trabalho de Szilard, basta ver
a arquitetura arrojada do prédio da Central do Brasil, construído em 1937, no
Rio de Janeiro, com o seu enorme relógio, que foi tema até de letras de música
popular.
A contrapartida e a excelência do estúdio
A Metro-Goldwyn-Mayer foi dirigida com mão de ferro por
Louis B. Mayer, durante muitos anos, até que, em 1951, o homem forte da Loew’s,
Nicholas Schenck, que controlava o estúdio, demitiu L. B. Mayer, depois de uma
disputa pessoal de poder entre ambos, e entregou a chefia da M-G-M para Dore
Schary.
Ao contrário de Mayer, Schary era muito mais um escritor e
cineasta, do que administrador. Mesmo assim, o estúdio continuou durante anos
com um formato de produção capaz de colocar na tela filmes de alta qualidade.
O que tornou a M-G-M um estúdio singular foi o fato de a
grande maioria dos filmes seguia códigos de produção, impostos por Mayer, que
impediam que mesmo os projetos mais baratos ou menos importantes não tivessem o
melhor acabamento possível.
O estúdio era dividido em departamentos e estes em unidades.
Tinha também um dos melhores locais para a gravação de trilhas sonoras (usado
até hoje por gravadoras de audiófilos em alguns projetos), e uma coleção
invejável de músicos, compositores e arranjadores.
O estúdio não tinha medo de experimentar novos formatos, e
foi assim que a Metro realizou filmes em CinemaScope (formato da Fox),
VistaVision (formato da Paramount), Cinerama e no final Super Panavision 70,
usado para o Cinerama 70 mm ou Super Cinerama. Não produziu, mas exibiu filmes
em 70 mm pelo processo em Dimensão 150, similar ao Cinerama 70.
Quando a produção em bitolas largas ainda era incipiente, a
Metro desenvolveu o processo Camera 65, para negativo 65 mm, capaz de ser
convertido para cópias de distribuição 35 mm, em vários aspectos de tela diferentes.
Através deste processo, a MGM filmou “Raintree County”, em 1957, e “Ben-Hur” em
1959, o segundo dos quais foi depois re-lançado em 70 mm em alguns cinemas.
Ambos os filmes foram distribuídos e exibidos em CinemaScope, para atender à
maioria dos exibidores da época.
O estúdio foi também um dos poucos que abraçou o som
estereofônico, num estágio bem precoce de produção, circa 1938. Em muitos
casos, quando ainda nem o som estéreo nem a alta fidelidade eram processos
técnica e comercialmente estabelecidos, as gravações eram feitas em pistas
separadas, óticas se necessário, o que ajudou posteriormente os
preservacionistas no trabalho de recuperação do áudio original dos filmes
antigos do estúdio e até mesmo recriar trilhas sonoras inteiras.
A Metro usou tanto o som estereofônico de 4 canais do
CinemaScope (3 canais na tela e 1 surround mono), quanto o processo Perspecta.
Este último era um pseudo-estéreo, derivado do som mono ótico dos filmes, e
controlado por tons inaudíveis inseridos na trilha, que faziam a troca momentânea
e direcional em três canais atrás da tela.
A construção dos cinemas no Brasil
O primeiro Metro a ser erguido foi o Metro-Passeio, situado
na Rua do Passeio 62, no Centro do Rio de Janeiro. A sala foi inaugurada em
1936, com 1821 lugares, tendo passado para 1481 poltronas posteriormente. O
Metro-Passeio foi também a primeira sala de grande porte dotada de ar
condicionado, chamado pela empresa de “ar de montanha”, num pequeno outdoor na
porta de entrada. O edifício e a decoração interna foi toda feita em art déco,
com motivos decorativos que iriam influenciar a construção de muitas salas de
exibidores concorrentes.
A seguir, Prentice e colaboradores construíram e inauguraram
em São Paulo, um cinema Metro, com formato e decoração idênticos ao
Metro-Passeio. A sala abriu em 1938, localizada na Avenida São João 791, centro
da cidade.
O ano de 1941 veria o aparecimento dos cinemas
Metro-Copacabana e Metro-Tijuca, localizados em regiões que iriam abrigar o
maior número de cinemas de bairro.
O Metro-Tijuca foi inaugurado em 10/10/1941, obra de
Adalberto Szilard, com 1785 lugares, enquanto que o Metro-Copacabana, abriria
em 05/11/1941, com 1708 lugares. O primeiro estava localizado na Praça Saens
Peña, mais especificamente na Rua Conde de Bonfim 366, e o segundo, na Avenida
Nossa Senhora de Copacabana 749.
Os detalhes das instalações
As semelhanças arquitetônicas entre os vários cinemas Metro
chegam a ser impressionantes. Todos os cuidados foram tomados, no sentido de
fornecer ao espectador o maior conforto e o melhor desempenho técnico possível.
Um dos detalhes que mais fascinam, fora as linhas verticais
do design art déco, é a instalação do ar condicionado: as saídas para a platéia
foram colocadas de forma discreta, bem atrás da decoração do cinema, e as saídas
de escape do ar colocadas embaixo das poltronas, sem que o espectador
percebesse.
Coincidente com o ano de inauguração do Metro-Passeio foi a
introdução do sistema de alto-falantes conhecido como “Shearer Horn”. Até
então, as caixas acústicas colocadas atrás da tela tinham pouca ou quase
nenhuma fidelidade. Douglas Shearer, do departamento de som da M-G-M, uniu-se
ao laboratório da Bell Telephone, para fazer um projeto de pesquisa, com o
objetivo de melhorar a reprodução de som nos cinemas. Shearer não hesitou em
financiar o projeto, que foi encabeçado pelo engenheiro John Williard, da
Western Electric.
O novo design, cujo protótipo ficou pronto em 1935, foi
colocado em produção, para instalação nos cinemas da Loew’s Inc. e da Metro.
O protótipo do Shearer Horn consistia de quatro alto
falantes Lansing (depois JBL), de baixa freqüência (woofers), modelo 15XS,
dentro de um sistema de cornetas. O design sofre modificações, para um modelo
contendo dois woofers, e em cima da caixa, uma corneta multicelular, de alta
dispersão e eficiência para médios e agudos. O corte entre o woofer e esta
corneta fica em 500 Hz. A caixa responde entre 40 Hz a 10 kHz, a ± 2 dB, o que
era suficiente para a qualidade de som gravado na época.
A introdução do Shearer Horn (acima) obriga o refinamento do
processo de gravação e reprodução do som nos filmes, que era o que a M-G-M
queria. O sistema originalmente ligado a ele foi o Mirrophonic, da Western
Eletric: trata-se de um dos primeiros processos de gravação ótica na película
35mm. O Mirrorphonic foi então inicialmente introduzido nos cinemas Metro.
Os cinemas abrem com projetores Super Simplex, largamente
produzidos na década de 1930, mas a partir de 1937 os primeiros Simplex modelo
E-7 começam a ser testados nas cadeias de cinemas da Loew’s Inc., nos Estados
Unidos. Com isso, os cinemas Metro trocam os Super Simplex por Simplex E-7.
Os padrões de reprodução de som mudam drasticamente, de
banda ótica mono nos filmes, para 4 canais de banda magnética em som
estereofônico, no processo de tela larga CinemaScope. Os cinemas Metro foram
construídos de tal forma que a adaptação das telas para filmes deste tipo foi
facilmente conseguida. Na prática, isto significou alterar a relação de aspecto
das mesmas do formato de academia (1.33:1) para 2.55:1, mantendo o palco
original e o proscênio dos cinemas:
Inicialmente, são instalados sistemas Perspecta, que
consistia em um falso som estereofônico, derivado da banda ótica mono, com três
canais na tela, como anteriormente descrito. Eventualmente, os projetores Simplex
E-7 são então dotados de leitora magnética Western Electric modelo R-10, para
CinemaScope:
Em 1957, os Simplex E-7 são trocados por modelos X-L, também
dotados de leitora magnética. As caixas antigas, inadequadas para o som de alta
fidelidade obtido na gravação de banda magnética são substituídas por sistemas
Altec Lansing Voice of the Theater, modelo A1, na forma de três unidades atrás
da tela:
Segundo colecionadores, várias dessas caixas foram achadas
quando o Metro-Passeio foi demolido, para a construção do Metro-Boavista. A
excelência de reprodução do som dos cinemas é devida também à engenhosidade do
design arquitetônico. A este respeito, é admirável o controle da dispersão do
som no ambiente aberto, sem qualquer tipo de reverberação, que impedisse a
inteligibilidade do som emitido. A reprodução correta de graves e de agudos,
difícil de ser obtida em lugar tão amplo, tornou os cinemas Metro um símbolo da
qualidade de som e projeção em toda a sua existência.
As cabines de projeção dos cinemas Metro do Rio de Janeiro
contavam com dois operadores, para os três projetores Simplex instalados. O de
São Paulo contava com seis técnicos e mais um gerente americano, segundo
depoimento de um desses operadores, ao livro de Inimá Simões e colaboradores
(“Salas de Cinema de São Paulo”, Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo,
1990, pp. 46-47).
O sistema de projeção dos cinemas Metro no Rio de Janeiro
era constantemente inspecionado e calibrado pelo engenheiro Elia Bessos. Os
projetores usavam lanternas Ashcraft Super Cinex, dotadas de arco voltaico, com
bastões de carvão condutor (eletródios), alimentados com 120 amperes de
corrente elétrica. Com isso, a projeção tinha um brilho e uma nitidez na imagem
difícil de ser encontrada nos melhores cinemas da concorrência. A lanterna
mantém ainda um sistema de auto-regulagem, impedindo que a intensidade da luz
caísse durante a projeção:
Em todos os anos de funcionamento, eu nunca vi um sistema
desses falhar e a sessão ser interrompida. Mesmo durante a grande enchente de
1966, que deixou o Rio de Janeiro com racionamento de energia, o Metro usava
geradores com break automático, para garantir que a qualidade da projeção não
fosse prejudicada.
Nos cinemas da Metro todos os detalhes foram planejados com
antecedência, incluindo a limpeza e a conservação, o uniforme e a educação de
todos os funcionários, até o conforto das salas de espera e das salas de
projeção.
O fim do Studio system e a venda dos cinemas a terceiros
Em 1949, o governo americano deu ordens aos cinco principais
estúdios de cinema de Hollywood para se desfazerem de suas cadeias exibidoras.
A M-G-M e a sua proprietária, Loew’s Inc., resistiram a esta entrega, até
meados de 1957. Por volta desta época, a própria M-G-M já havia sofrido
enormemente com baques financeiros, tendo desativado vários de seus
departamentos.
A retirada de propriedade dos cinemas pelos estúdios foi um
duro golpe na produção de filmes. Idealmente, o cinema sobrevive às custas do
trinômio produção – distribuição – exibição (exclusiva, de preferência).
Cortando a garantia de exibição, as receitas de bilheteria caíram
significativamente. Apesar disso, a Metro ainda iria lançar “Gigi”, seu último
e luxuoso musical, em 1958. O filme quase não termina, por causa de
dificuldades financeiras e de edição do material fotografado, mas depois de
lançado ainda teve tempo para ser o recipiente de nove estatuetas Oscar e três
Globos de Ouro. O filme marcou o fim da lendária unidade Arthur Freed, de
produção de musicais do estúdio. Fechou com chave de ouro, e este filme vale a
pena ser visto agora, na sua nova edição em Blu-Ray, completamente restaurado,
para quem ainda não viu!
O fechamento dos cinemas no Brasil
Por incrível que pareça, a lei americana não atingiu a
cadeia de cinemas Metro no Brasil, ao contrário. Nas décadas de 1950 e 60, os
cinemas veriam crescer o seu público, com a mesma qualidade com que foram
lançados anos antes. E todos eles continuaram projetando filmes M-G-M
exclusivamente, fora algumas produções nacionais obrigatórias.
Apenas o Metro-Passeio foi demolido, para dar lugar ao
Metro-Boavista, um dos mais luxuosos e modernos cinemas da cidade. O Metro-Passeio
funcionou até 14/10/1964 e o Metro- Boavista começou a funcionar em 21/01/1969.
Neste, foi instalado um sistema de 70 mm, dotado de projeção pelo processo
Dimensão 150, com tela curva e com som estereofônico de 6 canais. O
Metro-Boavista ainda manteve um dos seus Simplex X-L, para 35 mm, ao lado dos
modernos Cinemeccanica Victoria V-8, para 35 e 70 mm.
O Metro-Boavista nunca foi demolido. As poltronas e
projetores foram retirados, mas a tela e o restante do cinema continua por lá,
esperando uma solução qualquer, que nunca aparece.
Menos sorte tiveram os outros cinemas Metro: os Metro-Tijuca
e Metro-Copacabana foram demolidos a partir de 26/01/1977, enquanto que o Metro
de São Paulo não chegou a ser destruído totalmente, mas o seu interior foi
completamente modificado e depois dividido em duas salas, inicialmente Metro 1
e Metro 2, e que depois viraram Metro e Paissandú, até fecharem e se tornarem
igreja evangélica.
Antes de fecharem totalmente, os cinemas ainda foram
administrados pela Cinema International Corporation (CIC), mas exibindo filmes
de outros estúdios, particularmente os da Universal Pictures.
A réplica do Metro-Tijuca em Conservatória
O advogado Ivo Raposo, desde menino, conheceu todas as
cabines de cinema localizadas na área da Praça Saens Peña, na Tijuca, Rio de
Janeiro. Foi também, ainda muito jovem, operador dos cinemas Santo Afonso e
Bruni Saens Peña. Depois que o Metro-Tijuca fechou e começou a ser demolido,
Ivo iniciou uma cruzada junto ao curador da massa falida dos cinemas, e depois
de muita luta conseguiu que uma parte do material decorativo, projetores e um
monte de outros pertences, fossem a ele doados. Se não tivesse feito isso, todo
este material teria tido o destino de algum ferro-velho e a memória do cinema
completamente apagada.
Parte desta história é contada aos visitantes da réplica por
ele construída, na cidade de Conservatória, estado do Rio de Janeiro. Uma massa
significativa de seus visitantes se emociona ao ver a fachada intacta do
cinema, o seu interior, e principalmente trechos de filmes do estúdio.
Entre os seus últimos visitantes ilustres, estava João
Szilard, filho de Adalberto Szilard, que construiu o cinema. Nós tivemos chance
de conhecê-lo e de saber de parte da trajetória do pai. Adalberto Szilard,
apesar de ser colaborador de Prentice, ficou com toda a responsabilidade do
Metro-Tijuca nas mãos, e se alguma comparação pudesse ser feita, nós diríamos,
sem nenhum bairrismo, que o Metro-Tijuca foi sem dúvida o melhor e o mais
imponente de todos os Metros.
Ivo fez questão de construir a sua cabine usando todos os
projetores originais do Metro, recuperados em etapas. Com a modernização dos
atuais sistemas, ele teve que fazer algumas modificações na lanterna (já que
ninguém mais usa arco voltaico) para lâmpadas de Xenon e instalar Dolby SR,
para a parte do áudio, já que praticamente nenhuma cópia com som magnético
continua em circulação.
Eu, que já testemunhei o (mal) aproveitamento de projetores
dos grandes cinemas (inclusive os V-8 do Metro) usado em outras instalações,
posso atestar o zelo e o respeito com que Ivo recuperou e mantém os seus
projetores na réplica.
Quem vai a uma das sessões do Metro em Conservatória assiste
o mesmo ritual que nos encantava nos cinemas da época: ouve-se o gongo,
anunciando o início da sessão, apagam-se as luzes lentamente, a cortina se abre
com a projeção do jornal da tela, com direito ao slide do boletim da censura,
que marcava o começo de todas as sessões de antigamente.
Texto e imagem reproduzidos do site: https://bit.ly/2nGXX69
Nenhum comentário:
Postar um comentário