Cláudio Rio fundou o Centro Cultural Nação Brasil há 10 anos
e espera inauguração de novo cinema
Foto: Marcelo Bittencourt
Publicado originalmente no site NDMAIS, em 30 de julho de 2011
Cinema para todos. Projeto Nação Brasil terá cinema gratuito
a partir de agosto em São José
A vinda do Centro Cultural Nação Brasil marca o retorno do
cinema do rua para o município
Por Martha Ramos
O que antes era um grupo de cinema itinerante, agora terá
sua sede no Centro Histórico de São José, na rua Gaspar Neves. O Centro
Cultural Nação Brasil fundado há 10 anos por Cláudio Rio, terá uma sala de
cinema com 97 acentos e mais três vagas para cadeirantes. A inauguração desse
Centro Cultural em São José marca o retorno do cinema de rua para o município,
uma vez que atualmente só existem salas cinematográficas dentro dos shoppings.
O Centro Cultural Nação Brasil não é o primeiro cinema de rua de São José.
Antes dele já existiram a Liga Josephense, o Cine York e o Rajá.
A ideia é que nesse novo cinema sejam apresentados
documentários nacionais que começarão a ser exibidos no dia 26 de agosto,
quando será feita às 19h a inauguração do espaço. “O principal objetivo é fazer
com que as pessoas que não tem condições de acesso à cultura, possam assistir
filmes gratuitamente”, fala a coordenadora Jupira Dias. No projeto tudo será
gratuito, inclusive a pipoca durante a exibição dos documentários, além disso,
também terá oficinas como de cinema e artes visuais.
O grupo começou com projetos de levar o cinema nas favelas
da Grande Florianópolis. “Depois de todo esse tempo de itinerância, resolvemos
montar um local fixo para poder atender mais pessoas e oferecer novas
atividades. Agora estamos procurando apoiadores que possam nos ajudar, para assim
podermos manter essa iniciativa totalmente gratuita para a comunidade,
oferecendo cinema e cursos”, afirma Rio. Na programação do Centro Cultural
estão marcadas duas sessões fixas semanais, uma na quarta e outra na
sexta-feira, ambas às 19h.
História do Cinema em São José
O historiador e cinéfilo, Gilberto Gerlach, conta como
funcionavam os cinemas antigos. “A Liga Josephense era coordenada pelos padres
franciscanos que a partir de 1910 faziam sessões de cinema no antigo Teatro de
São José. Em 1925 o então vice-prefeito, José Filomeno fundou o Cine York, que
tinha um projetor novo vindo de Nova York. Esse cinema funcionou durante 10
anos e após esse período o vice-prefeito falece e as exibições cinematográficas
deixam de acontecer. Em 1948 passou a funcionar o Cine Rajá e em 1954 o teatro
foi reformado e passou a funcionar somente como cinema. Com o surgimento da
televisão na década de 70, as pessoas já não costumavam frequentar o cinema e
em 1979 o Cine Rajá apresentou um último filme de nome “O sobrevivente dos
Andes”, relembra.
O historiador Osni Antônio Machado, que foi operador
cinematográfico e lanterninha na época dos cinemas de rua em são José, conta
que essa era a diversão mais popular que se tinha. “Quando o cinema funcionava
dentro do teatro, havia 400 lugares e eles sempre estavam ocupados durante as
sessões”, relata Machado.
Cine York
De 1998 a 2008, Gilberto Gerlach manteve o novo Cine York,
também sediado no Centro de São José, agora em um prédio onde funcionava um bar
na parte inferior e o cinema na parte superior. “Realizei o sonho da minha mãe,
Ondina Schmidt, que desejava ter um cinema novamente perto de casa. Foi uma
aventura maluca e como sou um apaixonado por cinema, posso afirmar que uma
paixão pode levar uma pessoa para o buraco e eu quase caí nele. Nos dois
últimos anos do York o movimento caiu muito devido aos novos cinemas que
começam a se instalar nos shoppings. Além disso, o contrato com o dono do bar
era somente de dez anos e depois desse tempo ele não quis mais renová-lo”,
relata.
Gerlach lembra que o filme campeão de bilheteria durante os
dez anos de Cine York, foi o “Titanic”. “Trouxemos esse filme depois de ele já
ter saído nos cinemas populares e mesmo assim, as sessões eram sempre lotadas e
acabou ficando em cartaz durante três meses”, conta.
O historiador Osni Antônio Machado comenta que com o
fechamento do Cine York o município perdeu uma importante fonte de cultura. “O
tipo de filme passado no York não era o comercial e cheio de efeitos especiais,
pelo contrário, era o cinema arte, que conta histórias e realmente representa a
realidade da vida das pessoas”, relata.
Texto e imagem reproduzidos do site: ndmais.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário