terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Cinema para todos. Projeto Nação Brasil terá cinema gratuito...

Cláudio Rio fundou o Centro Cultural Nação Brasil há 10 anos 
e espera inauguração de novo cinema
Foto: Marcelo Bittencourt

Publicado originalmente no site NDMAIS, em 30 de julho de 2011

Cinema para todos. Projeto Nação Brasil terá cinema gratuito a partir de agosto em São José

A vinda do Centro Cultural Nação Brasil marca o retorno do cinema do rua para o município

Por Martha Ramos

O que antes era um grupo de cinema itinerante, agora terá sua sede no Centro Histórico de São José, na rua Gaspar Neves. O Centro Cultural Nação Brasil fundado há 10 anos por Cláudio Rio, terá uma sala de cinema com 97 acentos e mais três vagas para cadeirantes. A inauguração desse Centro Cultural em São José marca o retorno do cinema de rua para o município, uma vez que atualmente só existem salas cinematográficas dentro dos shoppings. O Centro Cultural Nação Brasil não é o primeiro cinema de rua de São José. Antes dele já existiram a Liga Josephense, o Cine York e o Rajá.

A ideia é que nesse novo cinema sejam apresentados documentários nacionais que começarão a ser exibidos no dia 26 de agosto, quando será feita às 19h a inauguração do espaço. “O principal objetivo é fazer com que as pessoas que não tem condições de acesso à cultura, possam assistir filmes gratuitamente”, fala a coordenadora Jupira Dias. No projeto tudo será gratuito, inclusive a pipoca durante a exibição dos documentários, além disso, também terá oficinas como de cinema e artes visuais.

O grupo começou com projetos de levar o cinema nas favelas da Grande Florianópolis. “Depois de todo esse tempo de itinerância, resolvemos montar um local fixo para poder atender mais pessoas e oferecer novas atividades. Agora estamos procurando apoiadores que possam nos ajudar, para assim podermos manter essa iniciativa totalmente gratuita para a comunidade, oferecendo cinema e cursos”, afirma Rio. Na programação do Centro Cultural estão marcadas duas sessões fixas semanais, uma na quarta e outra na sexta-feira, ambas às 19h.

História do Cinema em São José

O historiador e cinéfilo, Gilberto Gerlach, conta como funcionavam os cinemas antigos. “A Liga Josephense era coordenada pelos padres franciscanos que a partir de 1910 faziam sessões de cinema no antigo Teatro de São José. Em 1925 o então vice-prefeito, José Filomeno fundou o Cine York, que tinha um projetor novo vindo de Nova York. Esse cinema funcionou durante 10 anos e após esse período o vice-prefeito falece e as exibições cinematográficas deixam de acontecer. Em 1948 passou a funcionar o Cine Rajá e em 1954 o teatro foi reformado e passou a funcionar somente como cinema. Com o surgimento da televisão na década de 70, as pessoas já não costumavam frequentar o cinema e em 1979 o Cine Rajá apresentou um último filme de nome “O sobrevivente dos Andes”, relembra.

O historiador Osni Antônio Machado, que foi operador cinematográfico e lanterninha na época dos cinemas de rua em são José, conta que essa era a diversão mais popular que se tinha. “Quando o cinema funcionava dentro do teatro, havia 400 lugares e eles sempre estavam ocupados durante as sessões”, relata Machado.

Cine York

De 1998 a 2008, Gilberto Gerlach manteve o novo Cine York, também sediado no Centro de São José, agora em um prédio onde funcionava um bar na parte inferior e o cinema na parte superior. “Realizei o sonho da minha mãe, Ondina Schmidt, que desejava ter um cinema novamente perto de casa. Foi uma aventura maluca e como sou um apaixonado por cinema, posso afirmar que uma paixão pode levar uma pessoa para o buraco e eu quase caí nele. Nos dois últimos anos do York o movimento caiu muito devido aos novos cinemas que começam a se instalar nos shoppings. Além disso, o contrato com o dono do bar era somente de dez anos e depois desse tempo ele não quis mais renová-lo”, relata.

Gerlach lembra que o filme campeão de bilheteria durante os dez anos de Cine York, foi o “Titanic”. “Trouxemos esse filme depois de ele já ter saído nos cinemas populares e mesmo assim, as sessões eram sempre lotadas e acabou ficando em cartaz durante três meses”, conta.

O historiador Osni Antônio Machado comenta que com o fechamento do Cine York o município perdeu uma importante fonte de cultura. “O tipo de filme passado no York não era o comercial e cheio de efeitos especiais, pelo contrário, era o cinema arte, que conta histórias e realmente representa a realidade da vida das pessoas”, relata.

Texto e imagem reproduzidos do site: ndmais.com.br

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