quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Cine Lux, em São Luiz Gonzaga, foi inaugurado em 1942









Publicado originalmente no site GAUCHAZH, em 10 de maio de 2023 

“Não fecho porque é uma paixão”, diz dono de um dos cinemas de rua mais antigos do RS

Cine Lux, em São Luiz Gonzaga, foi inaugurado em 1942

Vinicius Coimbra De São Luiz Gonzaga

O casal Leonardo Ferraz, 29 anos, e Camila Pieniz, 30, comprou pipoca, água e chocolate antes de entrar na sala do Cine Lux, em São Luiz Gonzaga, nas Missões, na noite da última sexta-feira (5). O estabelecimento completou 81 anos em 14 de março, o que o coloca entre os mais antigos cinemas de rua do Estado.

Leonardo e Camila escolheram assistir ao filme Renfield: Dando o Sangue Pelo Chefe, uma comédia de horror com o ator Nicolas Cage, na sessão das 19h.

— A gente viu os trechinhos nos stories que o cinema posta no Instagram. E aí chamou nossa atenção pelos personagens, atores e decidimos vir. Venho desde piá aqui — contou Leonardo.

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Camila também frequenta o espaço desde pequena.

— É muito raro encontrar uma cidade do tamanho de São Luiz Gonzaga (cerca de 33 mil habitantes) que tenha um cinema que não é dentro de um shopping center, que é de rua, como é este — disse.

Após a compra na entrada do cinema, o casal entrou na sala de 131 lugares, que estava vazia e só não ficou assim por conta da presença deles: os dois foram os únicos espectadores na sessão das 19h.

Mais de oito décadas

O Cine Lux foi inaugurado em 1942 e é considerado um dos cinemas de rua mais antigos do Estado em atividade. Carlos Conrado Panzenhagen adquiriu o negócio em 1962, e o filho dele, Helio Carlos Panzenhagen, tornou-se o administrador naquele ano. Com a morte de Helio em 1997, Jairo Panzenhagen, um dos seus filhos, assumiu o cinema. São duas sessões diárias, de terça-feira a domingo, às 19h e às 21h, com lançamentos dublados. Os ingressos custam entre R$ 10 e R$ 15.

Jairo diz que existem dias bons e ruins no negócio. Há momentos em que não aparece sequer um espectador e a sessão é cancelada. Ocorre de ter um cliente, que assiste sozinho à exibição. Nos dias positivos - em geral, lançamentos com forte presença midiática -, dezenas de clientes procuram o lugar. O dia em que a reportagem esteve no cinema é um exemplo da discrepância na plateia. Na sessão das 19h, havia apenas o casal. Às 21h, para a exibição de A Morte do Demônio: a Ascensão, compareceram 40 pessoas.

— Agora em janeiro de 2023 o Cine Lux lotou: houve diversas sessões com bom público na exibição do filme Avatar. Em junho e julho de 2022 também, com Minions, Jurassic World e  Top Gun — conta Jairo, aos 60 anos.

Crise na pandemia

O Cine Lux ficou fechado entre 2000 e 2006. A ideia do proprietário era manter o cinema com o tamanho original e aproveitá-lo para shows, peças de teatro e apresentações artísticas. No entanto, devido ao alto investimento necessário, a reforma teve de ser parada no período. Por fim, foi feita a estrutura existente até hoje.

A sala de cinema original - com 550 lugares - deu espaço para uma academia que é também administrada pelo dono do Cine Lux. Dois ambientes são alugados, para uma loja de chaves e outra de conserto de celulares. A sala onde são exibidos os filmes ocupa o segundo piso do prédio. Jairo é quem atende na bilheteria e coloca o filme para rodar. Uma funcionária ajuda nas tarefas diárias.

— Até antes da pandemia era possível (viver apenas com o cinema). Mas, com a entrada de diversas opções de streaming que surgiram durante a pandemia, época que o cinema teve que ficar fechado, estou sempre correndo atrás — comenta Jairo.

O empresário afirma não ter recebido ofertas para vender o prédio localizado na Rua São João, em frente à principal praça da cidade. Isso, segundo ele, deve-se ao fato de ter deixado claro que não pretende se desfazer do espaço:

— Já me aconselharam a fechar, até dentro da família, mas não fecho porque é uma paixão. Gosto da arte e do negócio, de ver o pessoal assistir a um filme e sair satisfeito. Passei a vida inteira aqui dentro do cinema. Tenho dificuldade financeira, mas vou tentar levar o máximo possível. Quero ver se chego ao centenário do cinema.

Texto e imagens reproduzidos do site: gauchazh clicrbs com br

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