domingo, 17 de março de 2024

Guinness reconhece Eden-Théâtre o cinema mais antigo do mundo...

Legenda da foto: Interior do cinema Eden-Théâtre, na França, o mais antigo do mundo reconhecido pelo livro dos recordes — (Crédito da foto: Nicolas Tucat/AFP)

Publicação compartilhada do site G1 GLOBO, de 13 de julho de 2021 

Guinness reconhece Eden-Théâtre como o cinema mais antigo do mundo em funcionamento

Inaugurado em 15 de junho de 1889, cinema francês foi local de projeção dos primeiros filmes dos irmãos Lumière.

Por France Presse

O francês "Eden-Théâtre", onde foram projetados os primeiros filmes dos irmãos Lumière, foi reconhecido oficialmente como o cinemas mais antigo do mundo em funcionamento pelo Livro Guinness dos Recordes.

Localizado em La Ciotat, perto de Marselha, no sul da França, este cinema tem "a sala mais antiga do mundo em funcionamento", declarou no início de julho o guia de referência que coleta e certifica os recordes mundiais.

Foi inaugurado em 15 de junho de 1889 neste pequeno porto mediterrâneo então com 12.000 habitantes e que hoje conta com mais de 35.000 moradores.

Em seus primórdios, o Eden acolhia apresentações teatrais, concertos e até lutas de boxe e greco-romana, relata em sua página on-line.

Seu proprietário à época, Raoul Gallaud, ficou amigo de Antoine Lumière, pai de Louis e Auguste Lumière, que havia adquirido uma casa de veraneio na região.

Foi convidado a participar de uma primeira "experiência cinematográfica" na casa de Lumière, em 21 de setembro de 1895, e sugeriu a Antoine que repetisse a experiência no Eden, relatou à AFP o diretor de comunicação do cinema.

Durante a projeção organizada alguns dias depois, porém, foram registrados problemas técnicos.

Antoine Lumière então repetiu a experiência em Paris, no Grand Café, desaparecido no século XIX, em 28 de dezembro de 1895. Esta data é hoje considerada pelos historiadores como o nascimento do cinema.

Não houve novas projeções até 21 de março de 1899, quando o Eden exibiu uma série de filmes dos irmãos Lumière. Esta sessão é a que foi considerada e mantida pelo Guinness.

Texto e imagem reproduzidos do site: g1 globo com/pop-arte/cinema

quinta-feira, 7 de março de 2024

'Cine Caiçara', por Dudu Sperb

Artigo compartilhado do site DUDUSPERG, de 29 de setembro de 2023 

Cine Caiçara
Por Dudu Sperb 

Na praia de Tramandaí, no litoral norte do Rio Grande do Sul, além do Hotel Sperb, meu avô, Carlos Theobaldo Sperb, teve um cinema: o Cine Caiçara. Foi seu filho, meu pai, Carlos Maria Sperb, quem o registrou, batizou e fundou, gerenciando-o nos seus primórdios. Isso se deu por volta de 1948, quando ele tinha em torno de 18 anos. Meu pai desejava nomear aquele estabelecimento com um título que fosse bem brasileiro. No dicionário Houaiss se encontram vários sentidos para a palavra caiçara, desde “uma cerca feita em torno de aldeia indígena”, até “natural ou habitante de localidade litorânea; praiano”. Imagino que tenha sido este último significado que o fez se decidir pelo nome que escolheu para o novo espaço.

Adquirindo projetores de 35 mm de um estabelecimento do interior do estado que fechava suas portas, as cadeiras (que no começo eram soltas e de palha) e tudo o mais que era necessário, ele inaugurou o Cine Caiçara que, se não foi o mais antigo a surgir em nossa costa litoânea, certamente foi um dos primeiros. Ao que consta, a nova sala foi, de saída, um sucesso. Pouco tempo depois, meu avô quis, ele próprio, seguir administrando-o, o que fez até sua morte, em 1973. Depois disso, meu pai novamente o conduziu por aproximadamente mais uma década, vindo a falecer em 1986.

As máquinas de projeção do cinema funcionavam a carvão. Não o carvão que se usa para cozinhar, mas sim bastões de carvão industrializados que geravam uma luz potente para a projeção. Esse foi o maquinário que permanceu durante toda a vida útil do cinema, até ele encerrar suas atividades. Não consegui uma foto original de sua cabine de projeção, mas a que encontrei na internet dá uma ideia muito próxima de como ela se apresentava.

Os filmes eram constituídos (e creio que muitos ainda o são) por vários rolos separados que vinham em latas redondas e achatadas. Cada um desses rolos continha uma determinada parte da película; ao terminar a projeção de uma, era necessário imediatamente começar a projetar a próxima. Para tanto, era preciso que outra máquina já estivesse devidamente equipada com o rolo da sequência, garantindo, assim, que o filme seguisse sem interrupções. Também era fundamental estar atento para não trocar a sequência das cenas. Meu irmão se lembra de um episódio em que isso aconteceu, ocasionando um alarido na plateia e, posteriormente, muitas risadas. Mas o que volta e meia acontecia, mesmo, era de a máquina parar. Quando isso se dava, a gente via na tela o fotograma se desintegrando pelo calor. Às vezes demorava um pouco pro técnico cortar o pedaço danificado e reconectá-lo ao rolo, colocando novamente o filme pra rodar.

No “cinema do vô”, como a gente o chamava, o técnico era o Synval, um cara muito magro que vivia com um cigarro pendurado nos lábios e que não nos parecia lá muito amigável. Imagino que, além desse ser o seu jeito habitual, ele evidentemente não devia gostar nem um pouco da gente, aquela gurizada toda, rondando por ali.

A sala do cinema, que era mais comprida que larga, possuía um sistema de autofalantes ingleses e uma potentíssima “corneta” que deixavam o som homogêneo, projetando-o de forma equilibrada em toda a sua extensão. Tinha também um gongo eletro-eletrônico que chamava para a sessão e precedia a mudança de iluminação. Antes da escuridão total que se estabelecia no começo da apresentação do filme, ia-se da luz branca para uma luminosidade mais esmaecida, proporcionada por lâmpadas coloridas. Elas deixavam o espaço visível o suficiente para quem estivesse chegando enquanto eram passados o jornal — quem daquela época não se lembra do Canal 100? — e os trailers.

À frente da tela havia um palco alto ao qual se tinha acesso por duas escadinhas laterais. Lembro que chegaram a ocorrer alguns eventos ali, até mesmo de música. Mas esse proscênio foi para nós, as crianças da família, sobretudo o nosso “espaço de teatro”, onde muitas e muitas vezes ficamos brincando, quando não havia sessão, inventando histórias, danças, cantorias.

De meados dos anos 60 em diante, durante os períodos da minha infância e adolescência, assisti a uma infinidade de fitas naquela sala enorme, toda de madeira, do chão ao teto, incluindo os assentos. Ela era constituída, de modo geral, por uma divisão de três agrupamentos de poltronas enfileiradas, dois laterais e um maior, central, entremeados por dois longos corredores. Não lembro o número exato, mas aquele espaço extenso dispunha de algumas boas centenas de lugares. Suas alas variavam levemente de tamanho. Na parte mais à frente, próxima da tela, por exemplo, ele se alargava um pouco. Ali se encontravam as saídas de emergência, em ambos os lados. À esquerda, uma única porta levava a um pátio nos fundos do Hotel. Já as portas que ficavam à direita, davam para um corredor que flanqueava o prédio, indo dar na calçada em frente a ele. Por permitir uma vazão melhor e levar à rua, essa era a saída utilizada para o escoamento do público nas ocasiões em que a casa lotava.

Quando muito pequeno, eu frequentava o cinema com meus pais, minha avó, junto a meu irmão ou primos. Já mais crescidos, íamos em grupos só de crianças e, mais tarde, de adolescentes. Nos últimos tempos, porém, seguidamente eu comparecia sozinho às sessões.

Numa época em que só havia essa possibilidade para se assistir a uma película, tínhamos o privilégio de ver várias vezes o mesmo filme. Sabíamos de cor as falas e canções e nos impressionávamos repetidamente com os momentos intensos, fossem de aventura, terror, comédia ou drama. Podíamos apreciar mais detidamente as atuações, os enquadramentos, a fotografia, a música, os efeitos especiais, enfim, tudo aquilo que envolve e encanta numa obra cinematográfica.

E, se havia a emoção dos filmes, havia também os sentimentos e impressões por conta do que vivíamos naquele lugar, naquele tempo — as atmosferas e acontecimentos que precediam e sucediam cada sessão. E, pelo menos no meu caso, havia ainda a combinação mágica do que se passava na tela com o que ocorria na vida. Eu ficava um bom tempo tomado pelo que via e sentia, pelas personagens e seus mundos, como num sonho. Aquilo tudo me arrebatava de tal modo, que meu primeiro sonho de criança foi me tornar um ator de cinema.

Quando éramos já adolescentes, depois que meu pai assumiu novamente o cinema, meu irmão e eu chegamos a trabalhar nele. Primeiramente, nas sessões da tarde, ele (mais velho) na bilheteria e eu na portaria. Depois, conforme crescemos um pouco, pegamos também as sessões da noite, em que ele passou a operar os projetores, ou seja, a passar o filme, e eu a vender ingressos na bilheteria.

Incontáveis foram as aventuras que experienciamos e os episódios que tiveram lugar ali. Não podendo narrar todos, rememoro dois bastante diversos: um mais engraçado, outro comovente. Ambos do começo dos anos setenta, quando eu tinha por volta de dez anos.

Por esse tempo, a censura era intensa e o controle da faixa etária, muito rigoroso. Essa prática coincidiu justamente com o período em que nós, já na pré-adolescência, começávamos a nos interessar por sexo.

Tínhamos um primo em segundo grau, filho de uma prima-irmã de meu pai, mais ou menos da mesma idade que eu, que volta e meia andava com a gente. Éramos todos danados, arteiros mesmo e vivíamos aprontando. Pois bem, estreou no cinema do vô um filme brasileiro que estava dando o que falar, chamado “Minha namorada”. Com direção de Zelito Vianna, além de Fernanda Montenegro e Jorge Dória (que, naquela altura, não tínhamos a menor noção de quem fossem), tinha no elenco, como personagem principal, Pedro Aguinagua, ator e modelo de grande beleza que estava despontando. Tudo o que ouvíramos ou imaginávamos sobre o filme nos fazia crer que nele veríamos muita “mulher pelada”, como a gurizada costumava dizer, que teria muita cena de sexo e nudez. Então, eu e meu primo combinamos de entrar no cinema pelos fundos, pela porta que dava para a parte de trás do Hotel do vô, e nos escondemos até a sessão começar, sentando bem na frente, perto dessa saída, onde ficávamos menos visíveis e podíamos — assim acreditávamos — escapar com rapidez, caso fosse necessário.

Como eu tinha receio de que fôssemos apanhados, de vez em quando olhava para o corredor que se estendia em aclive, nos momentos em que a luminosidade da tela permitia que se vislumbrasse alguma coisa. Meu primo, bem mais inconsequente do que eu, não estava nem aí. E, se não me falha a memória, até zombava um pouco de mim. Já tínhamos assistido a uma boa parte do filme quando, numa dessas miradas pro corredor, vejo vir descendo e se aproximando rapidamente de nós, o próprio vô carregando a tiracolo sua filha (minha tia, que tinha três anos apenas a mais do que eu) e uma prima-irmã, junto com a avó do primo que estava comigo. Nós quatro tínhamos tido a mesma ideia, o mesmo desejo, a mesma ousadia. E os adultos, que eram espertos e nos conheciam bem, vieram varrendo o cinema de cima a baixo até nos encontrar. Depois de ser apanhados em flagrante e retirados do cinema, devemos ter levado “aquela” bronca. E o que se sucedeu, após esse incidente, foi que o vô resolveu fechar aquela saída com madeiras e arames e plantou vários pés de cactus no seu entorno. Pronto! Nós, os monstrinhos travessos, conseguimos transformar aquela saída (que era igualmente nossa entrada particular) num cenário de guerra. E o pior de tudo é que o filme não era nada do que a gente imaginava e desejava. Era, isto sim, bastante “água com açúcar”. Ao fim, não vimos ninguém pelado, fomos pegos no flagra, perdemos nosso acesso especial e o fiapo de confiança que os adultos ainda pudessem depositar em nós! Porém, é certo, vivemos uma aventura, para nós, memorável.

O outro evento aconteceu em uma noite muito quente, em pleno veraneio. Devido a uma sessão lotada, toda a família teve que subir para assistir ao filme na sala que ficava ao lado da cabine de projeção: meu pai, minha mãe, minha avó e possivelmente também o vô, minhas tias, tios e mais algum primo ou prima, além de nós, os quatro enfants terribles : minha tia, minha prima, meu irmão e eu. Nesse espaço havia uma janela horizontal, de mais ou menos dois metros de largura, cuja tampa de madeira se podia prender no teto, de onde se avistava parte da plateia e a tela enorme ao fundo. Essa abertura ficava justamente acima do teto do que, lá embaixo, se constituía no corredor de entrada da sala de cinema. Porém, como não cabia muita gente em frente a ela, nessa ocasião, nós, os pequenos, ficamos sobre esse “telhadinho”, um espaço que se acessava justamente pulando a janela. Apinhados, adultos e crianças, assistimos a um clássico italiano que estreava: Os girassóis da Rússia, de Vittorio de Sica, com Sophia Loren e Marcello Mastroianni.

Nunca esquecerei da intensa emoção que tomou conta de toda a gente naquela sala e também do nosso pequeno grupo familiar amontoado. Por um tempo, esquecemos o calor da noite, esquecemos de nós mesmos e uma forte comoção tomou conta de centenas de pessoas desconhecidas entre si. Acontecia naquele momento uma partilha, uma verdadeira comunhão de sentimentos, num silêncio dócil, apenas cortado pelo choro baixo que se podia perceber aqui e ali. Toda aquela gente pranteava, emocionada e arrebatada, o drama de um casal separado pela guerra. Agora mesmo, escrevendo sobre isso, me vem novamente uma emoção. E, afinal, o que foi que vivenciamos ali? Na verdade, tantas coisas. Certamente, revelações do enternecimento que existe e nos assoma para que, assim, possamos polir, refinar e fazer florescer melhor a nossa humanidade. Compartindo a história de outras pessoas, dentro e fora da tela, nos encontramos e estivemos unidos no que de mais elevado podemos alcançar como seres humanos: empatia, compaixão, amor.

Hoje, tenho mais clara a noção do quanto aquelas sessões intermináveis me trouxeram. Como me enriqueceram e me formaram como pessoa, de várias maneiras, e o quanto também me fizeram acreditar (e apostar) na imaginação e na (re)criação como forma de ser, sentir, crescer, compreender e empreender. Esse sonho que trago comigo desde lá, foi o que me manteve e o que continua a me manter.

Texto e imagem reproduzidos do site: www dudusperb com br 

sexta-feira, 1 de março de 2024

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

'Cine Metro', por Jane Galaxie



Cine Metro é recriado em documentário brasileiro inédito e inovador

Publicação compartilhada do site UNIVERSORETRO, de 9 de novembro de 2021

Cine Metro
Por Jane Galaxie

Os áureos tempos dos luxuosos cinemas de rua voltaram à realidade! Pelo menos na Realidade Virtual, porém deixando pegadas de verdade em mostras e festivais internacionais de cinema em diversos cantos do mundo por conta do seu ineditismo.

Assim se destaca “Cine Metro: Experiência Imersiva”, filme documental em realidade virtual do diretor Eduardo Calvet que transporta o espectador diretamente para a sessão de estreia do Cine Metro Passeio, realizada com muitas pompas e sofisticação em 1936, no Centro do Rio de Janeiro. O documentário já nasce, simultaneamente, clássico e inovador, uma vez que não há registros, no mundo, de outro filme documental sobre cinemas antigos produzidos em realidade virtual.

A emocionante viagem no tempo percorre o luxuoso palácio de cinema carioca do século XX, construído pela MGM na Rua do Passeio – o primeiro a dispor de ar-condicionado na época – funcionando até 1964, sendo substituído pelo Metro-Boa Vista, e desativado em 1997. 

Com produção da IDEOgraph e apoio do Programa de Pós-Graduação em Mídias Criativas (PPGMC), da UFRJ, depois de percorrer desde abril mostras em Portugal, Suíça, Alemanha, Inglaterra e Colômbia, a produção imersiva de quase 10 minutos acaba de ser selecionada para o BIAF, festival internacional de animação na Coréia do Sul (de 22 a 26 de outubro de 2021) – também em outubro, participará de festivais na Rússia, Hungria e Porto Rico, fechando a agenda do ano na Inglaterra, em novembro (Aesthetica Short Film Festival 2021).

Fruto do projeto de pesquisa do Mestrado em Comunicação, “Cine Metro: Experiência Imersiva” tem o mérito de contextualizar o passado para a contemporaneidade através de uma experiência imersiva em vídeo 360º e amplamente acessível.

A pesquisa realizada pelo diretor Eduardo Calvet baseou-se em uma coleta de vestígios consideravelmente ampla, que incluiu periódicos de grande circulação (Jornal do Brasil, Correio da Manhã, Diário Carioca, Revista Cine Arte), folhetos de programação, livros, artigos, dissertações e teses acadêmicas, sites e também visitas ao edifício que efetivamente abrigou o cinema. A pesquisa também se baseou em relatos orais, já que boa parte das informações sobre o interior do prédio – como cores e texturas – foram encontradas a partir da memória de frequentadores da época.

A partir de fotografias e modelos originais, foi possível reconstruir, com muita fidelidade e apuro técnico, a experiência única de se frequentar o Cine Metro Passeio dos anos 30: o contraste das fontes na marquise, as formas decorativas do foyer no estilo D. João V, os refinados traços do mobiliário, a proporção volumétrica e curvatura da grande sala de exibição, os detalhes de iluminação, a distribuição da plateia em níveis, a tonalidade das poltronas e a diferença de ruído entre a rua e a poltrona.

Em termos sonoros, o espectador pode ouvir elementos importantes de espacialização com o respectivo cálculo de proximidade e movimento de cabeça do observador: as então inovadoras luzes em neon na parte externa do imponente edifício, o gongo, o som característico dos projetores e os múltiplos elementos de cada ambiente.

Vale ressaltar que salas de exibição cinematográfica foram os espaços de maior difusão artística e cultural do século XX. De sua incipiente origem em 1888 até seu domínio cem anos depois, a sétima arte evoluiu mobilizando recursos humanos e materiais em proporções inimagináveis ao meio cultural dos anos 1900.

Tão importante quanto o filme projetado, a ambiência criada pelo espaço físico de exibição era extremamente valiosa: o conforto dos assentos, a plasticidade dos contornos arquitetônicos, o refinamento da decoração, a maciez dos carpetes, o isolamento acústico impecável.

Tais requisitos faziam da visita aos cinemas não apenas uma supressão do desejo pela obra, e sim um evento social atrelado ao próprio ritual de expectação, uma experiência sensorial apuradíssima, que teve seu primeiro auge brasileiro exatamente no final dos anos 1930, com espaços como o Cine Metro, conhecidos como “palácios cinematográficos” (movie palaces).

Sobre o filme

O filme documental de Calvet busca reproduzir, com a máxima fidelidade nos detalhes, a sessão de estreia deste cinema icônico, em 1936, com o filme “O Grande Motim”, com Clark Gable no elenco. Através de trechos de jornais e revistas da época, foram criados os textos de locução, cuja versão em inglês, inclusive, baseou-se em publicações americanas que noticiaram a inauguração do Cine Metro, como os periódicos Variety e Motion Picture Herald, dentre outros.

Por conta da escassez de documentos e registros oficiais, a reconstrução tridimensional e todo o cálculo do espaço interno foram formulados a partir de detalhada observação das fotos, a geometria das imagens, a proporção dos elementos dispostos e a planta baixa, conseguindo alcançar um resultado com a configuração original mais provável.

Os espaços reconstituídos foram modelados em altíssima resolução com mais de 25 milhões de polígonos no modelo 3D, somando os quatro ambientes do cinema: área externa, sala de exibição, antessala e sala de projeção – utilizava-se, na época, quatro projetores, no mínimo, para atender às limitações tecnológicas (os filmes vinham em rolos, havia também a necessidade de um projetor reserva e outro para a exibição dos slides dos anúncios e “trailers” prévios de cada exibição).

Comentário do Diretor

“Ainda que acontecimentos passados não possam ser revisitados de forma ativa, as ferramentas exploradas em “Cine Metro: Experiência Imersiva” nos transportam para momentos indeléveis da vida social de uma geração: hábitos, costumes e dinâmicas”, comenta Calvet.

“Pistas preciosas, de valor inestimável na pavimentação do caminho de quem somos hoje enquanto sociedade… se não é possível viajar no tempo, pelo menos podemos reconstruir em realidade virtual um mosaico digital de fragmentos de nossa herança cultural, que pode trazer subsídios poderosos e proporcionar um verdadeiro legado para as gerações futuras”, conclui.

Texto e imagens reproduzidos do site: universoretro com br

Em livro, a memória dos cinemas de rua da Tijuca, hoje extintos

Foto: Cine Tijuca

Publicação compartilhado do site do jornal O GLOBO, de 8 de fevereiro de 2010

Em livro, a memória dos cinemas de rua da Tijuca, hoje extintos

Por Rodrigo Fonseca 

RIO - Restaram apenas recordações e um livro, o recém-lançado "A segunda Cinelândia carioca - cinemas, sociabilidade e memória na Tijuca" (editora Multifoco), de Talitha Ferraz, para relembrar um dos maiores polos exibidores do Rio Janeiro. Entre 1907 e 1999, 42 salas passaram por um perímetro que engloba as ruas Conde de Bonfim, Major Ávila, Desembargador Isidro, Mariz e Barros e Haddock Lobo, a Avenida Maracanã e a Praça Saens Peña, que virou tema do longa-metragem homônimo de Vinícius Reis, lançado em dezembro. Alguns sumiram rápido, feito o Osaka, que abriu as portas em 1973 e fechou em 1975. Outros, duraram décadas, como o agigantado Olinda, de 3.500 lugares, que funcionou de 1940 a 1972. Hoje, sobraram as seis salas do Kinoplex Tijuca, que, apenas entre os dias 1 e 31 de janeiro, somaram 114.000 espectadores. Em 2009, passaram pelo complexo 850.000 pagantes - público que justificaria maior oferta de cinemas no bairro.

- Ao todo, contando os cinemas principais da área, podemos falar em cerca de dez mil poltronas, número que assusta ao compararmos ao que a Tijuca oferece hoje no Kinoplex, 1.810 lugares apenas - diz a jornalista e doutoranda pela Escola de Comunicação da UFRJ Talitha Ferraz, de 27 anos, que vive na Tijuca desde os 10.

Em seu livro, ela mapeia o que aconteceu com cada um dos cinemas da região. Ainda existem resquícios do passado. A galeria onde ficava o Tijuca 1 e 2, que originalmente era o cine Eskye, hoje ostenta um muro coberto por cartazes de filmes, indo de "O assalto ao trem pagador" a "Gallipoli", com Mel Gibson. Igrejas agora ocupam o solo sagrado (para cinéfilos) onde ficavam o Cinema III, o Britânia e o Carioca, considerado uma pérola do art déco brasileiro. Em suas paredes, o reclame "Cinema é a maior diversão" deu lugar a "Jejum das causas impossíveis". Já o pequenino Bruni deu vez a um laboratório.

- Escrevi "A segunda Cinelândia carioca" como uma crítica à desvitalização do espaço cultural urbano. Eu cresci acompanhando o desaparecimento das casas de exibição do bairro. As salas de cinema antes eram componentes das calçadas. Agora, elas são um brinde a quem vai consumir em um shopping - diz Talitha.

Quem parar pela Saens Peña para comprar uma aspirina, xarope ou mesmo um xampu na maior drogaria da praça vai se deparar com a fachada outrora pertencente ao América, que inchava de pagantes na década de 1980, exibindo as peripécias do James Bond Roger Moore em "007 contra Octopussy" (1983). Steven Seagal foi o último grande herói de ação a lotar as poltronas da sala com o thriller "A força em alerta", em 1992.

- Há controvérsias em relação à data certa de inauguração do América. Uns apontam para 1915; outros, 1916; e outros, para 1918. No terreno, antes da construção do prédio, bem no início do século passado, por volta de 1910, havia uma espécie de galpão, dos exibidores Irmãos Labanca, que desabou matando pessoas - conta Talitha.

Calças de moletom, camisetas regata e shortinhos de lycra hoje são vendidos no terreno onde ficava o Metro Tijuca, aberto em outubro de 1941, exibindo "Andy Hardy milionário", com Mickey Rooney, e fechado em 1977. Construída por um ex-projecionista, o hoje delegado Ivo Raposo, uma réplica dele, chamada Centímetro, virou pouso obrigatório na rota turística do Sul fluminense, funcionando na pequena Conservatória, a cidade da seresta.

- Fui projecionista no cine Santo Afonso (na Rua Barão de Mesquita) e no Bruni da Saens Peña. Mas eu era alucinado mesmo pelo Metro. No passado, a programação do cinema mudava às quintas-feiras. Toda quinta, eu saía da escola e ia para lá, aproveitar a primeira sessão, desde que a censura permitisse. No primeiro domingo de cada mês, tinha matinê "Tom & Jerry", às 10h e às 11h - diz Raposo, que levou o acervo do Metro para Conservatória, incluindo lustres, tapetes e urna de bilhetes. - O projecionista do Olinda, hoje com 85 anos, já esteve com a gente no Centímetro. É preciso preservar a memória do cinema.

Morando na Tijuca desde 1973, o professor de português Antônio Manuel Lopes Amaral, de 47 anos, dono de uma das maiores coleções de arquivos sobre cinema do Rio, guarda memórias pitorescas das salas exibidoras de sua infância e juventude:

- Um morcego viveu anos a fio num cantinho da tela do América.

Texto e imagem reproduzidos do site: oglobo globo com

'Cine Piratininga', por Douglas Nascimento

Foto do Cine Piratininga na década de 1940

Legenda da foto: Década de 70 já como estacionamento

Publicação compartilhada do site SÃO PAULO ANTIGA, de 30 de janeiro de 2008 

Cine Piratininga
Por Douglas Nascimento *

Houve uma época em que ir ao cinema era um acontecimento muito diferente do que é hoje. Quando a TV ainda não existia ou ainda era um artigo de luxo nas residências e aparelhos de DVD ou mesmo streaming eram coisas de ficção-cientí­fica, as salas de cinema eram a grande diversão.

Pessoas frequentavam cinema para assistir desenhos, episódios do Tarzan e, claro, longa metragens. E foi na primeira metade do século XX que São Paulo teve o auge de suas salas de cinema, onde especialmente em bairros populares como o Brás existiam inúmeras salas de cinema, as quais atualmente não resta mais nenhuma funcionando. E é sobre uma destas salas que falarei, o Cine Piratininga:

Ao se falar de Cine Piratininga é preciso antes explicar que no mesmo quarteirão houveram em períodos distintos duas salas com esta denominação. A primeira, inaugurada em 1910, ficava na rua com o mesmo nome e foi criada por Fernando Taddeo um heróico desbravador de salas de cinema em São Paulo e não durou tanto tempo por inúmeros problemas estruturais. A outra sala, destaque deste artigo, está na Avenida Rangel Pestana.

Construído na década de 1940 com projeto arquitetônico do fantástico Rino Levi, o cinema fica sob edifício homônimo e ocupa um local que outrora foram dois outros cinemas menores, Mafalda e Brás-Bijou. Era uma sala gigantesca e luxuosa que orgulhava-se poder acomodar com conforto cerca de 5000 mil pessoas o que fazia dele o maior cinema do Brasil e com toda certeza um dos maiores da América Latina.

O Cine Piratininga foi um local onde muitos dos moradores do Brás frequentavam quase todos os finais de semana e não era raro estar completamente lotado.

Ao redor do cinema um fabuloso comércio se sustentava com lojas, padarias, teatros, hotéis e hospedarias, além da estação de trem do Brás (ex-Roosevelt) que é bastante próxima. O Piratininga marcou sua época, fez história, e como quase tudo que é do passado paulistano foi sendo esquecido até desaparecer por completo.

Década de 70 já como estacionamento

As atividades do Cine Piratininga encerraram em meados da década de 1970, quando já em franco processo de decadência a sala não atraia espectadores. Em decorrência virou um estacionamento que existe até hoje.

Que a decadência do Brás e seu entorno foi um processo fatal e irreversí­vel todos sabemos, as razões são muitas e os responsáveis também, mas algo poderia ser feito para preservar o antigo patrimônio histórico da região que é riquí­ssimo e que está, no pouco que ainda existe, caindo aos pedaços.

Em 2005 organizei um passeio fotográfico pelo Brás e Belenzinho que partia da Vila Maria Zélia e terminava na feira da Cantuta – conhecida também como feira boliviana – no Canindé e, quase no final do passeio, chegamos ao que restava do cine Piratininga.

Pedi ao funcionário da empresa de estacionamento que me deixasse fotografar o local por dentro o que não foi permitido, mesmo assim fotografei a fachada do prédio e dias depois voltei por lá e estacionei meu carro sendo assim foi possível tirar uma fotografia de dentro, sem ser notado.

É impressionante como aquilo se deteriorou, na foto do iní­cio do artigo já faltava uma letra, ficando “PIRATININ A”, e a infiltração na marquise da antiga entrada do cinema já merecia uma interdição da prefeitura porém, mesmo assim, a fachada que restava trazia uma certa nostalgia a região, especialmente aos mais antigos e saudosos e admiradores da região como eu.

Disse “lembrava” acima porque as letras de concreto que ficavam na fachada histórica não está mais lá, foi removida. A alegação de um dos responsáveis pelo estacionamento foi o receio de uma multa pela Lei Cidade Limpa, o que é improvável já que inscrição fazia parte do projeto original da marquise. Vejam na imagem abaixo como está agora:

É realmente muito entristecedor saber que em nossa cidade são escassos os movimentos em favor de nosso patrimônio histórico e cultural. É até compreensível o cinema ter virado um estacionamento, mas é inaceitável a remoção do letreiro de concreto, um ato de pura ignorância.

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DADOS DO CINE PIRATININGA:

Inauguração: 26/03/1943

Arquiteto: Rino Levi

Localização: Avenida Rangel Pestana, 1540 – Brás

Exibidor: Serrador

Capacidade total: 4313 lugares – Sendo 2607 na plateia, 1706 no balcão e nas frisas

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* Douglas Nascimento - Jornalista, fotógrafo e pesquisador independente, é presidente do Instituto São Paulo Antiga e membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (IHGSP).

Texto e imagens reproduzidos do site: saopauloantiga com br

Por causa de Retratos Fantasmas...

Trecho de artigo compartilhado do site JORNAL DA PARAIBA, de 22/08/2023

Por causa de Retratos Fantasmas, vamos passear pelos velhos cinemas de rua de João Pessoa?

Retratos Fantasmas, o novo filme de Kleber Mendonça Filho, me leva agora a um conjunto de fotografias feitas numa tarde de domingo do ano de 1997. Naquele dia de 26 anos atrás, fiz um passeio por João Pessoa para ver o que restava dos velhos cinemas de rua e fui fotografado diante de cada um deles. Como o filme de Kleber trata dos cinemas de rua do Recife...

Atualmente, João Pessoa tem mais de duas dezenas de salas de exibição, distribuídas em quatro shoppings e no Espaço Cultural. São bem instaladas, confortáveis, boa qualidade de áudio e vídeo, equipamentos modernos, mas seguem um padrão que as torna muito parecidas, frias, não personalizadas, sem uma assinatura. E, entre elas, não há mais nenhum cinema de rua.

No tempo dos cinemas de rua (a foto principal é do majestoso Cine Rex), a gente conhecia o exibidor, o gerente, o bilheteiro, o porteiro, o projecionista, o cara da lanterninha, o funcionário que trocava o letreiro no fim da noite, até o fiscal de menores, que era uma preocupação de quem queria burlar a classificação etária.

Não é nostalgia, é somente constatação: os cinemas de rua são de um tempo em que a relação das pessoas com o cinema era diferente da que temos hoje. Só sabe mesmo quem foi contemporâneo e frequentou essas casas exibidoras. Retratos Fantasmas nos transporta por uma extraordinária viagem sentimental...

Texto e imagem reeproduzidos do site: jornaldaparaiba com br

domingo, 18 de fevereiro de 2024

Cine Penedo reabre após mais de 40 anos...



Cine Penedo - 40 anos fechado - Foto: Reprodução

Publicação compartilhada do site GAZETAWEB, de 13 de novembro de 2023 

Cine Penedo reabre após mais de 40 anos; relembre a história do local

Reinauguração ocorre nesta segunda-feira (13), durante o 13º Circuito Penedo de Cinema; Ufal promete movimentar o local

Por Igor Lima

Eram 630 lugares, uma tela 10x5 e duas máquinas alemãs da marca Bauer para projeção. Na época, o local era referência no ramo cinematográfico de Alagoas e até do País. Fundado em 1958, o Cine Penedo, que inicialmente se chamava Cinema São Francisco, exibiu filmes até o seu fechamento, na década de 1980. Agora, 40 anos depois, o local será reaberto como um espaço cultural administrado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal). A inauguração integra a abertura da 13ª edição do Circuito Penedo de Cinema, que ocorre entre 13 e 19 de novembro, na cidade ribeirinha.

Com mais de três décadas em atividade, a programação era simples: duas sessões durante a semana e três no fim de semana. Segundo José Luís Passos, ex-operador cinematográfico do Cine Penedo, ‘’o domingo era um dia clássico, só exibia CinemaScope, que era tela grande’’. José Passos trabalhou no Cine Penedo por três anos e entendia tanto das máquinas de projeção holandesas, da época do Cinema São Francisco, quanto das alemãs, adquiridas pelo segundo proprietário do cinema, Odijas Gomes de Souza.

Após a exibição do último filme, em meados da década de 80, o prédio do cinema foi abandonado até ser adquirido pelo Iphan- Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional -, sendo cedido à UFAL, que planejava estimular a produção audiovisual na cidade. Depois do fechamento do cinema, todo o maquinário foi doado para a Fundação Casa de Penedo, um museu que preserva a história da cidade ribeirinha e de seus habitantes. A Fundação possui um acervo de diversos itens mobiliários, estatuários, iconográficos e outros objetos que representam a cultura de Penedo.

Em 2020, através de um analista do banco BNDES, foi confirmada a aprovação da instituição federal para patrocinar a restauração do Cine Penedo. Agora, na divulgação do 13° Circuito Penedo de Cinema, foi revelada a data para o grande retorno deste espaço cultural histórico: 13 de novembro de 2023.

REDE DE CIDADES CRIATIVAS

No dia 31 de outubro deste ano, a cidade de Penedo entrou na Rede de Cidades Criativas da Unesco - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Sérgio Onofre, coordenador geral do Circuito Penedo de Cinema lembra das mais diversas instituições que atuaram para a aquisição deste selo de reconhecimento mundial:

"Houve todo um esforço de várias pessoas, de várias instituições, da prefeitura, das secretarias, etc.’’. Sérgio também vê essa vitória como mais uma responsabilidade da cidade. "Esse selo, além de um reconhecimento, traz uma carga de responsabilidade e de comprometimento muito grande, porque além de mostrar o que a cidade tinha no ato de inscrição, nós apresentamos o que é que nós estávamos propondo para o futuro, em relação às artes criativas".

A reinauguração faz parte da 13ª edição do Circuito Penedo de Cinema, que teve início no próprio Cine Penedo, com cerimônia seguida pela exibição do longa-metragem “Retratos Fantasmas”, de Kleber Mendonça Filho. Essa reinauguração é um marco histórico na cidade e no Estado, e contará com a visita de diversos artistas durante todo o circuito, como Camila Morgado (Olga), Antônio Pitanga (O Pagador de Promessas), Buda Lira (Cangaço Novo), Ângelo Fernandes (Mussum), Danny Barbosa (Bacurau), entre outros.

Além da sala totalmente revitalizada, com 144 cadeiras e uma tela de 8x5 metros, a reabertura do Cine Penedo promete trazer novidades no campo de ensino das artes. A promessa é apresentar uma nova escola de cinema, música e artes em geral, que funcionará nos prédios adjacentes ao cinema.

* Estagiário sob supervisão da editoria de Cultura

Texto e imagens reproduzidos do site: www gazetaweb com

sábado, 17 de fevereiro de 2024

Experiências em cinemas de rua de BH

Artigo compartilhado do site UAI, de 24 de junho de 2012  

Relatos de jornalistas do Estado de Minas sobre suas experiências em cinemas de rua de BH

Foto: Pedro Graeff/Arquivo EM

Filme com final triste João Bosco Martins Salles O prédio era um dos mais importantes da escola art déco de Belo Horizonte, com revestimento interno em mármore negro, verde e bege. A fachada era de pó de mármore. A imponência do Cine Metrópole impressionava quem passava pela Rua da Bahia e se deparava com o que é hoje um monstrengo que abriga uma agência bancária. Bons tempos aqueles em que depois das matinês das tardes de sábado ia-se à Confeitaria Suíça, quase na esquina da Afonso Pena, para comprar a bala beijinho. O cinema tinha três andares, com ampla sala de espera no segundo pavimento, com poltronas e sofás de couro negro, e balcões no terceiro. As portas eram de ferro batido com aplicações de metal dourado, que davam um ar de nobreza naquele prédio onde era exibido o melhor da produção da sétima arte, numa região com traços ainda boêmios da cidade. Um dia, sem mais nem menos, a população de BH foi surpreendida com a notícia de que o lendário Cine Metrópole fecharia as portas para dar lugar a uma agência bancária. Naqueles tempos de ditadura, a sociedade civil não era tão organizada, mas houve um esboço de reação. De nada adiantaram os protestos de artistas, intelectuais e amantes da história de BH, tímidos, não há como negar. O Metrópole ficou apenas na memória de quem viveu aquela época.

Foto: Eustaquio Soares/EM/D.A Press

Emoção e terror Ângela Faria O primeiro Tubarão, a gente nunca esquece. Sensação em 1975, o filme de Steven Spielberg provocou sustos, aflição e até lágrimas no Cine Palladium – a megassala da Rua Rio de Janeiro. Na sessão daquela longínqua tarde, 1,3 mil adolescentes berraram a valer durante as horripilantes “refeições” do monstro dos mares. Nunca duas míseras notas – marca daquela musiquinha inesquecível – espalharam tanto terror... Grande John Williams, autor de trilhas memoráveis. Mas aterrorizador, mesmo, foi “digerir” o fechamento do belo cinema e de seu gigantesco hall, em 1999. Lá estava BH novamente de luto, depois do estúpido assassinato do Cine Metrópole. Ainda bem que o Sesc não deixou o velho Palladium virar supermercado, igreja ou estacionamento. Ok, a megassala já não é monopólio do cinema. Mas ela deu origem a amplo complexo cultural, onde funciona o espaço com 82 lugares dedicado a curtas, médias e longas. Ele foi providencialmente batizado com o nome do saudoso professor José Tavares de Barros, o cinéfilo que ensinou muita gente a compreender a sétima arte. 

Foto: Pedro Graeff/EM. Brasil

Guerra sem beijo Arnaldo Viana A primeira vez que levei uma namorada ao cinema foi ao Candelária, em 1970, na Praça Raul Soares. O filme, Os 12 condenados. Uma história maluca, dirigida por Robert Aldrich, de um major norte-americano (Lee Marvin) que reúne 12 sentenciados para uma missão suicida atrás das linhas alemãs, na Europa, pouco antes do fim da Segunda Guerra Mundial. A garota resistiu ao convite: “Filme de guerra? Matança? Vamos ver algo mais romântico”. Insisti. “O cinema é bacana. As poltronas são confortáveis. Têm duas posições. Além disso, o Trini Lopez está na fita. Quem sabe ele não canta América ou La bamba para agitar o cinema?” E lá fomos. Descemos do ônibus na Rua dos Caetés e subimos a Avenida Amazonas no início da tarde de um domingo ensolarado. Eu não pensava apenas no filme, mas também no beijo molhado da namorada no escurinho do cinema. Pedro Jiminez, o personagem do Trini Lopez, morre logo no início da aventura: solta-se de uma corda na descida de um penhasco. Nem sei se ele cantou alguma coisa até então. O resto da fita, de duas horas e meia de duração, foram só tiros e explosões. E como matou alemão o tal de Telly Savalas! Ao meu lado, amuada com a morte do Jiminez e diante de toda aquele violência, a namorada. Sabe o beijinho molhado? Espero até hoje. 

Foto: Arquivo EM

Um filme à toa João Paulo Havia os filmes americanos, os europeus e as matinês. A sala não importava tanto. Podia ser majestosa, como o Palladium e o Metrópole, apertada como o Guarani e o Acaiaca, meio suspeita como o México e o Regina. Até que surge o Pathé e com ele um novo jeito de ver filmes. Sem ser um cineclube, era um espaço para produções menos comerciais e “de arte”; sem ser um cinemão, foi deixando a categoria de sala de bairro e atraindo público e filmes de qualidade. De uma hora para outra, o programa mudou: não existia nada melhor que “um filme à toa no Pathé”, como poetou Chico Amaral na canção Tão seu, do Skank. Foi lá que muita gente viu os filmes de Bergman e Antonioni pela primeira vez, mas também de Woody Allen, um diretor que é a cara de BH e do Pathé – um misto de autossuficiência e timidez. Era lugar aonde todos iam no fim do ano para pôr em dia os 10 melhores escolhidos pela crítica (filmes que também passavam no Roxy e Odeon, sem o mesmo charme). O espaço que embalava os namoros do lado de dentro e alimentava o papo-cabeça lá fora. O filme não acabava com o the end. Era o tempo em que o movimento de câmera era uma atitude política. Hoje os cinemas vendem pipoca em baldes, ninguém é de esquerda e as câmaras andam de montanha-russa. O mundo acabou. 

Foto: Arquivo EM

Janela para o mundo Álvaro Fraga Menino criado na periferia de BH, no limite com Sabará, a mudança para Santa Tereza em 1970 me deu a chance de criar o hábito de ir ao cinema. A pouco mais de três quarteirões de casa, o velho cine do bairro, com suas desconfortáveis cadeiras de madeira e a tela com pontos de mofo, se transformou em minha diversão favorita. Era barato, era perto e era mágico. Foi sentado no meio da sala, na sessão noturna, que me encantei com ...E o ventou levou, Amarcord e 1900. E, nas tardes de domingo, cercado pela algazarra das crianças, vi muita gente tentando imitar os golpes de Bruce Lee em Operação Dragão ou os passos de John Travolta em Os embalos de sábado à noite. Ainda hoje, quando passo pela entrada do antigo Cine Santa Tereza, a lembrança de muitos filmes que vi lá ressurge. O pequeno espaço foi durante muito tempo minha janela aberta para o encantamento que persiste, mesmo passados mais de 40 anos desde a primeira vez que comprei o ingresso e a pipoca e afastei as cortinas empoeiradas da sala de exibição.

Texto e imagens reproduzidos do site: www uai com br

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Grande Retorno do Cine Penedo



Publicado originalmente no site da REVISTA ALAGOANA, de 21 de janeiro de 2024

Após 40 anos: antigo projecionista comemora retomada das atividades do Cine Penedo

Por: RevistaAlagoana

Categoria: Reportagens

Data da postagem: 21/01/2024

Cine Penedo reabre as portas ao público, em movimento renascentista dos cinemas de rua no Brasil

Gabriely Castelo e Raphael Medeiros

Grande Retorno. Entre os dias 13 e 19 de novembro, o Circuito Penedo de Cinema, acontecerá em um gigante da sétima arte, que até então estava desativado. O Cine Penedo retorna ao público em grande estilo, recebendo um dos maiores festivais de cinema do mundo. A 13ª edição reaquece o crescimento dos cinemas de rua em todo país.

Com uma voz grave, já avançada, Seu José Luiz Passos, 77, carrega muita sabedoria na fala. Ele é radialista e “ex-operador cinematográfico”, como disse. Bem humorado, gente finíssima e auto-intitulado “véinho” (com muitos risos), ele conversou com a Revista Alagoana e contou detalhes dos bastidores do dia-a-dia cinematográfico de Penedo.

“Pouca gente aqui [em Penedo] sabe o que é um filme, porque o cinema fechou em 93. De lá pra cá, quantos milhares nasceram? E não conhecem, não sabem, não viveram.” comenta seu José Luiz Passos, ex-operador cinematográfico do Cine Penedo.

Após um intervalo de 40 anos, o Cine Penedo está prestes a reabrir suas portas durante a estreia do Circuito Penedo de Cinema 2023, marcando um emocionante e importante renascimento dos cinemas de rua, em Alagoas.

Seu Luiz compartilha suas memórias da época em que o cinema era o epicentro cultural da região.

“No final dos anos 50, nós recebíamos os filmes da capital, de Maceió, vinham em estrada de barro. O carro saía às 7, 8 horas da manhã, chegava aqui às vezes 9, 10h da noite, principalmente se fosse a época invernosa, era barro e piçarra vermelha, o carro atolava e deslizava, o povo tinha que descer, e havia um atraso”, diz seu Luiz, relembrando à época analógica.

“O ônibus nem precisava ir para a rodoviária, já que estava atrasado.” O operador conta, com nostalgia, as histórias do tempo em que era o encarregado de buscar e exibir as películas aos penedenses.

Luiz descreve vividamente os desafios desse leva e trás, dos filmes de Maceió à Penedo, onde estradas de terra ligavam todo o caminho percorrido. Apesar das dificuldades, a comunidade estava sempre presente. Todos se reuniam em frente à telona, para assistir a uma variedade de filmes nacionais e clássicos, criando uma experiência cultural única. “Aviso aos Navegantes”, “Oscarito”, “Matar ou Morrer”, “Zorro”, “Os Poderes de Ninhoca”, “As Aventuras de Doutor Satã” e muitos outros títulos foram projetados pelo à época, jovem Luiz.

Curiosamente, ele contou à reportagem que também eram exibidas séries, com intervalos semanais e tudo que estamos acostumados hoje, porém, sem nada on demand- se perdesse a sessão, teria que perguntar aos amigos e conhecidos. A cidade inteira se reunia, no Cine Penedo, para assistir às estreias toda semana.

“O bandido ficava tentando matar o artista, o bandido prendia o artista e a gente, na outra semana, voltava com todo mundo para ver como tinha ficado. Todo mundo queria ver o andamento das coisas. Foi um tempo muito bom de aprendizado como profissional, com muito aproveitamento cultural. Assisti muitos filmes bons, muitos filmes épicos. Como Os 10 Mandamentos, que foi uma grande movimentação na cidade.”, relembra.

Dado o enorme público, no primeiro dia da exibição de “Os 10 Mandamentos”, foram feitas duas sessões naquela noite.

“A sala encheu, não tinha ventilador, não tinha ar condicionado. O povo suava como uma tampa de chaleira, mas entrou, ficou e assistiu mais três horas de Os 10 Mandamentos”, recorda com alegria.

Era uma garotada, um perfil coletivo, tinha todo tipo de gente. Cinema é cinema, é a sétima arte. Todo mundo andava em fileiras, em direção aos seus assentos. Cartazes eram distribuídos na cidade, em pontos bem estratégicos. Penedo tinha o melhor cinema do norte-nordeste.

Hoje em tempos de filmes de super-heróis, o ex-operador recorda o tempo em que a moda “da garotada” era outra. Ele conta que frequentava o Cine não só para assistir os filmes de cowboy. “Eu vinha aqui para ouvir, é bonito! A bala ricocheteando lá nas pedras.”

Se a trama fosse épica, aí era “da intelectualidade”, diz Seu Luiz, o que apelidamos de “cinema cult” hoje em dia.

Atualmente, uma sala de projeção de cinema não é nada como antes, nem de perto é tão complicada quanto foi um dia. Os projetores não tem mais a mesma altura de um humano e a sala é bem mais geladinha. Ninguém melhor para comentar o assunto que o responsável pela área em Penedo.

“Eu conheci todo o equipamento. O engenheiro lá fez uma demonstração pra mim, diferente daqueles gigantes mecânicos que nós trabalhávamos.”

Porém, quando perguntado sobre a modernização, a adaptação do público aos serviços de streaming, a resposta não foi nada animadora. Amante de cinema, Seu Luiz comenta, com a voz tristonha com os novos tempos e sinaliza que o ato de ir ao cinema, será algo nichado, “para quem ama ir ao cinema”.

Painel que ficava no Cine Penedo; Seu Luiz diz reconhecer ao menos 3 das damas. Foto: Cortesia

“Por mais que queira modernizar, não vai ter o lugar de volta[O cinema]. Isso está sacramentado. O cinema não vai mais ser um líder para pegar o seu público, o seu espectador habitual.”

E finaliza, comentando o conforto que os serviços de streaming à ponta dos dedos dão a todos:

“Você podendo assistir em casa, no conforto do televisor de 70 polegadas, com a qualidade sonora a seu gosto. Você bota agudo, grave, médio, e assim vai. O cinema vai ficar, com toda essa tecnologia moderna, vai ficar um nome. Cinema. Cinema.”

Circuito Penedo de Cinema

Depois de tanto tempo inativo, o prédio foi adquirido pelo IPHAN Alagoas e cedido à Universidade Federal de Alagoas (Ufal), para promover a retomada da produção audiovisual em Penedo. A restauração do local histórico foi financiada pelo BNDES, marcando um renascimento do cinema na região. Pioneiro da sétima arte no Baixo São Francisco alagoano, funcionou de 1950 a 1980- trinta anos de ouro, que diga Seu Luiz.

Texto reproduzido do site: revistaalagoana com

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Público é esquecido e trancado em cinema no Rio...


Publicação compartilhada do site JORNAL DE BRASÍLIA, de 1 de fevereiro de 2024 

Público é esquecido e trancado em cinema no Rio em sessão de ‘Os Rejeitados’

A situação insólita aconteceu no Estação Net Botafogo, tradicional cinema de rua da capital carioca, e envolveu os espectadores

Por Redação Jornal de Brasília

A plateia da última sessão de um cinema do Rio de Janeiro foi esquecida dentro da sala no último sábado (27) e precisou chamar a atenção do público de um bar vizinho para sair do estabelecimento. A situação insólita aconteceu no Estação Net Botafogo, tradicional cinema de rua da capital carioca, e envolveu os espectadores do último horário do dia onde estava programado o filme “Os Rejeitados”.

De acordo com relatos postados nas redes sociais, o fato se deu porque os funcionários do empreendimento esqueceram da exibição na sala e terminaram seus afazeres do dia, incluindo trancar o cinema. O Corpo de Bombeiros precisou ser acionado.

O professor de geografia Marcelo Alonso gravou o momento em vídeo publicado em seu perfil no Instagram. “São 20 para a meia-noite e estamos todos aqui no cinema”, diz o espectador. “Simplesmente os funcionários do cinema foram embora e deixaram trancado o público vendo o filme. Estamos trancados, chamando a polícia e o Corpo de Bombeiros.”

A situação se resolveu depois que a notícia chegou à sede administrativa do cinema, localizado na região, e dois dos funcionários que haviam trancado as portas voltaram para liberar os espectadores.

A direção do Circuito Estação Net disse à Folha estar consternada com o episódio e credita a falha ao gerente do cinema, que não teria cumprido a função de fazer a ronda em todas as salas. O grupo ainda declara que não possui funcionários terceirizados e que o próprio gerente reabriu as portas.

“Em quase 40 anos de atividade, é a primeira vez que algo assim acontece em uma de nossas salas”, diz Adriana Rattes, diretora executivo do Grupo Estação. “Estamos tentando achar as pessoas que passaram por este susto para pedir desculpas e buscar formas de compensá-las pelo que aconteceu, e já conseguimos entrar em contato com quatro delas. Pedimos que quem quiser nos procurar não hesite em fazê-lo.”

O filme, indicado a cinco categorias do próximo Oscar, tem Paul Giamatti e Da’Vine Joy Randolph no elenco e conta a história de um professor que precisa cuidar de um aluno que ficou no internato para passar as festas de fim de ano. A produção concorre aos prêmios de melhor filme, ator, atriz coadjuvante, roteiro e montagem.

Texto reproduzido do site: jornaldebrasilia com br

quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Memórias de Alagoas, por Odilon Rios

Publicação compartilhada do site O JORNAL EXTRA, de 21 de outubro de 2023 

Memórias de Alagoas, por Odilon Rios

Os primeiros cinemas de Alagoas - Casa dos Artistas (RJ), 1938

 A exibição dos primeiros filmes, ainda mudos, foi tratada como a "decadência do teatro" e o "advento do cinema". Alagoas, 1938. Um artigo publicado na Casa dos Artistas mostrava que Maceió tinha 25 cinemas, 20 deles aparelhados com som. As primeiras exibições aconteceram nos últimos anos do século 19, no prédio de número 57, na praça Floriano Peixoto, onde funcionou o Telégrafo Nacional. Era a "fase experimental da cena muda", inaugurada por Verissimo Mendes Pereira "com um aparelho Faison, a luz 'oxyeterica'".

A maquinaria ficou pouco tempo ali. Foi transferida para o Teatro Maceioense e exibidos os primeiros filmes: "Vendedor de Melancia" e "Beijos de Safo". Seguiu-se os anos de 1906 e 1907 quando chegaram produções de mais de uma parte do mundo: "Filho do Diabo em Paris" e "Cães Contrabandistas". Em 1908 o cinema entrou em uma fase de estabilidade nas exibições locais. O Teatro Maceioense foi adquirido por Carneiro Tiririca que fundou o Teatro Cinema Delícia. Já havia também o Cinema Helvética (na rua do Comércio) e o Cine-Teatro Floriano Peixoto.

O Teatro Deodoro, nesta época, arrendava suas instalações para a exibição de filmes. Estes cinemas e outros que surgiam tinham uma característica comum: vida curta. Não se sustentavam financeiramente. Mesmo assim, eles pipocavam em outros lugares. O Cinema Moderno estava instalado no bairro do Farol, o Cinema Popular na avenida Moreira Lima, dividindo espaço com o Cinema Paz e Amor (esquina da rua Barão de Alagoas) e o Cinema Pathé onde antes era o Cinema Helvética.

A chegada da Primeira Guerra Mundial (1914) expandiu o cinema norte americano. Em 1917 veio a estreia das produções da Fox-Films e Paramount, "revolucionando a técnica da arte muda", e era possível assistir a telona aos primeiros galãs, como William Farnum, Wallace Reid, George Walsh, Theda Bara.

Em 1929, o cinema Floriano introduziu o filme sonoro. Onze anos depois, apenas o cinema São José, de Fernão Velho, não tinha este sistema. Ao mesmo tempo, a cidade tinha dois cineteatros (Floriano e Delícia); quatro cinemas (Royal, no Centro; Ideal, na Levada; Glória, Pajuçara; e Avenida, no Poço). Em 1937, os cinemas de Maceió haviam realizado 3.180 sessões, com 377.033 espectadores. Aos poucos, as salas de projeção foram entrando nos interiores.

Em 1912, foram fundados os cinemas de Penedo (Cinema Ideal, capacidade para 596 pessoas), Atalaia (Cine-Club, 212 espectadores), Viçosa (Cine -Aliança, 390). Um ano depois, em Pilar (Cinema Eden, 80). Em 1915, foi a vez de São Miguel dos Campos (Cinema Ideal, 350). Cinco anos depois, Capela (Cine-Teatro 16 de Outubro, 404). Em 1921, foi inaugurado o Cine-Teatro Fenix, 270 espectadores. Em 1922, a vez de Palmeira dos Índios e seu Cine Palmeirense, capacidade para 398 pessoas.

Em 1924, o Cine-Universo, em Murici (50 pessoas). Em 1928, veio o Piaçabuçu (Cine-Teatro Fanal, 250) e Rio Largo no ano de 1930 e seu Cine-Teatro Cachoeira. Nos anos seguintes abriram salas em Água Branca (Cine-Teatro Pedra, 360 pessoas), Coruripe (Cinema São Luiz, 250) em 1935; Quebrangulo (Cine-Império, 300 espectadores) em 1937; Arapiraca e o Cinema Glória, capacidade para 300 pessoas, em 1938 and Pão de Açúcar (Cine-Teatro Moderno, 175 pessoas). Uma anotação: em União dos Palmares, dos 18 estabelecimentos de cinema que operavam em 1938, apenas 4 não tinham exibição com som. Nos outros lugares pelo interior, este sistema só chegaria na década de 30.

Texto e imagem reproduzidos do site: ojornalextra com br

segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

Cinema Modernissimo, exibe "Amarcord" (1974), de Federico Fellini





Cinema Modernissimo, exibe 'Amarcord', a obra prima de Federico Fellini, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 1974.

Este trabalho, uma autêntica viagem à história do cinema italiano, continua a captar a atenção e o coração de um espectador contemporâneo, demonstrando assim a sua extraordinária capacidade de levar uma história de ontem para o contexto e afeto do público de hoje.

Texto e imagens reproduzidos do Facebook/Cineteca di Bologna