quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Acessibilidade para diferentes tipos de necessidade nos cinemas.


Cinéfilos incluídos. Acessibilidade para diferentes tipos de necessidade nos cinemas.

Por Ricardo Shimosakai 

Espaços para cadeira de rodas, intercaladas por poltronas para acompanhantes e pessoas com deficiência andantes ou com mobilidade reduzida

Inda é difícil encontrar cinemas que atendam satisfatoriamente aos diferentes tipos de necessidade apresentadas pelo público espectador. Mas alguns conseguem atender melhor a um segmento específico. Então uma avaliação foi realizada para identificar essas boas práticas, com indicações dos próprio usuários.

O cinema ideal para deficientes físicos

Na edição especial do Guia que avalia as 45 salas de São Paulo, ganharam pontos extras os exibidores com boa acessibilidade. Mas, para facilitar a vida de um cinéfilo portador de necessidades especiais, não bastam rampas ou elevadores. Para começar a série de posts ’Meu Oscar’, na qual pessoas com perfis fora do padrão indicam os endereços que melhor atendem às suas exigências, o blog pediu ao deficiente físico Anderson Santana, de 22 anos, a indicação dos melhores (e os piores) cinemas para quem tem problemas de mobilidade.

O auxiliar de enfermagem usa muletas desde a infância e diz que as dificuldades costumam começar logo na entrada dos multiplex. “Às vezes, os funcionários ficam inibidos de oferecer ajuda, com medo de me constranger”, afirma. Mas constrangimento maior ocorre quando ele precisa mostrar as muletas a alguém na bilheteria, para “provar” que merece desconto (há uma política, não legislada, de conceder meia-entrada a deficientes).

Não bastam rampas ou elevadores para deficientes
 físicos como Anderson Santana, de 22 anos

Quando vai ao cinema com amigos cadeirantes, o problema são os assentos reservados a eles – geralmente nas primeiras fileiras, com péssima visibilidade. “No Cinemark Aricanduva é assim. Nem todos os meus amigos couberam no espaço. A gente mesmo que teve de se ajeitar, sem ajuda de ninguém”, relembra. Outro problema: lá, os funcionários se recusaram a dar preferência para Anderson e sua turma na fila, para “evitar represálias de outros clientes”.

O auxiliar de enfermagem diz que o Cinemark até já participou de encontros com pacientes da AACD, onde ele trabalha, para saber como oferecer mais conforto a deficientes. Em uma das filiais, a iniciativa está rendendo: se tivesse de dar um Oscar de “melhor cinema para portadores de necessidades especiais”, Anderson elegeria o do Shopping Metrô Santa Cruz. “A equipe de funcionários é a que mais ajuda”, diz. E, para levar usuários de cadeiras de roda, ele recomenda o Cinemark Pátio Paulista: “A área reservada é ótima e você não paga estacionamento”.  (Dado Carvalho)

O cinema ideal para a terceira idade

O aposentado Alfredo Abdalla, de 75 anos, vê pelo menos um filme toda semana há mais de 25 anos e já visitou projeções em vários países. Na capital paulista, nem mesmo o despreparo dos cinemas para atender o público da terceira idade o intimida. E olha que os percalços são muitos: salas cheias de degraus, longas filas de espera, som desregulado.

 Alfredo Abdalla, aposentado com 75 anos, diz que o despreparo dos cinemas o intimida

Antes das sessões do Central Plaza, por exemplo, Alfredo sabe que tem de proteger os ouvidos. É  que lá, os trailers e comerciais passam em um volume exagerado. Aliás, os funcionários também costumam pesar a mão no termostato do ar-condicionado. Mas isso, pelo menos, tem solução: “Eu reclamo mesmo com os atendentes. Normalmente eles atendem”.

Para enfrentar outros problemas, melhor contar com uma ajuda mais próxima – como a de sua mulher, Janice, 72 anos, que sempre o acompanha. “As salas do Bristol, por exemplo, não têm boa iluminação no chão. Quando ficam escuras demais, um se segura no outro para não cair”, reclama. No geral, porém, ele aprova o multiplex localizado no Center 3 – e recomenda para outros cinéfilos de sua faixa etária. “A qualidade da projeção é muito boa.”

E ele acrescentaria mais vencedores em sua lista se os cinemas retomassem dois bons hábitos do passado. O primeiro é proibir comida na sala de exibição. “Sempre passo a mão no assento para ver se está limpo, pois um amigo até já sentou em uma cadeira úmida de refrigerante um dia desses”, afirma. O outro é a volta da sessão às 20h: “Agora só há horários às 19h e às 21h. Uma é muito cedo e a outra termina muito tarde”. (Susan Eiko)

Ideal para os mais baixos

A popularização das salas em formato stadium facilitou a vida de quem gosta de ir aos cinemas. Mas ainda tem gente que sofre quando alguém muito alto senta-se na cadeira da frente. É o caso da pedagoga Camila Pal, de 28 anos – a quinta convidada da série de posts ‘Meu Oscar’.

Camila Pal, de 28 anos, mede 1,53 m e diz que sofre 
com pessoas altas sentadas à sua frente

Camila mede 1,53 m “e meio centímetro”, ela faz questão de enfatizar. “Quando a gente é  pequenininha, isso faz uma enorme diferença”, brinca. Ela está 5 cm abaixo da média de altura das brasileiras (1m58) e passa maus bocados quando vai a um cinema sem muita inclinação. Não a convide, por exemplo, para ir ao Cine Bombril. “Lá é praticamente plano”, reclama. “Qualquer pessoa que sentar um pouco mais ereto, atrapalha. Aí, o jeito é dar uma viradinha para o lado e pegar o vãozinho entre as poltronas, sabe?”

Enquanto o Guia elege as melhores telas da cidade na edição especial Oscar das Salas de Cinema, que circulou na sexta (5), Camila tem seus próprios ‘Oscars’ para distribuir. Para outros cinéfilos com altura próxima à sua, ela recomenda: “Vá ao Shopping Metrô Boulevard Tatuapé e o UCI do Shopping Anália Franco. A inclinação é excelente, impossível não ver a tela. Depois que conheci os dois, não vou em outro”. (Dado Carvalho)

Se você é alto, esta sala é para você

Caio Caruso, de 33 anos diz que, por falta de espaço, 
sempre tem dores após uma sessão de cinema

Caio Caruso, de 33 anos, tem as credenciais ideais para participar da nossa série de posts ‘Meu Oscar’. Com 1,96 m, Caio é um bom representante de outro grupo que sofre nos cinemas: os altos.

“Toda vez que vejo um filme, saio da sessão com dores na região lombar”, reclama. Isso porque ele considera quase todas as cadeiras da rede Cinemark pequenas para seu tamanho. Como o encosto é ‘curto’, se ele escorrega para a frente, as costas ficam tortas. Se fica na posição correta, ouve comentários ácidos vindos da fileira de trás. “A solução, para mim, seria uma regulagem de altura ou cadeiras maiores”, afirma.

Formado em artes visuais, Caio tem olhar crítico: sentar perto do corredor para esticar as pernas, nem pensar. “Meu lugar preferido é o centro, tanto vertical como horizontalmente, que é o mais favorecido pelo sistema de som e tela.” A solução? O Kinoplex Itaim. “É o único onde não me sinto apertado”, afirma. “As cadeiras são mais confortáveis e o encosto é um pouco mais alto, o que me dá mais apoio para as costas.” (Susan Eiko)

Ideal para as crianças

Tatiana Galli, de 34 anos, mãe de Eduardo, 12, 
e Igor, 5, diz que os buddy seat são muito duros

Filmes infantis são um dos segmentos mais rentáveis para as distribuidoras. Para se ter uma ideia, até o lançamento de Avatar, o filme mais visto de 2009 no Brasil havia sido A Era do Gelo 3. Mas parece que os exibidores ainda não se deram conta da importância desses ‘miniclientes’. Guloseimas pouco nutritivas há aos montes nas bonbonnières. Mas assentos especiais para a estatura das crianças, por exemplo, são uma raridade.

Quando Tatiana Galli, de 34 anos, vai ao Cinemark Center Norte com os filhos Eduardo, 12, e Igor, 5, já sabe que terá de aguentar a sessão quase sem se mexer. É que o caçula não consegue ver direito a tela e prefere se sentar no colo da mãe. “Ou então no braço da cadeira, mas não é bom”, diz o garoto. Só não tente convencê-lo a usar o buddy seat, aquele suporte especial para deixar a criançada mais alta na poltrona. “É duro demais! Ele volta para casa todo dolorido”, diz Tatiana. E, segundo ela, o acessório é difícil de ser encontrado. Por isso, na hora de pegar um filminho em família, ela checa antes se o cinema tem formato stadium. Um dos que ela recomenda é o Cinemark Metrô Santa Cruz.

Na hora da comida, é aquela farra. “O Igor come toda a pipoca e eu bebo todo o refrigerante”, confessa Eduardo. Tatiana concorda que poderia haver opções mais saudáveis no cardápio, mas se diz tranquila porque os filhos têm bons hábitos alimentares no dia a dia. “Uma pipoca de vez em quando não faz mal a ninguém”, brinca. (Susan Eiko)

Fonte: Estadão

Texto e imagens reproduzidos do site: turismoadaptado.com.br

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