Publicado originalmente no site ARQUITETE SUAS IDEIAS, em 10/06/2015
Você Sabe Como Surgiram Os Cinemas No Brasil?
Por Patricia Prado
É difícil achar alguém que não goste de ir ao cinema. Claro
que hoje em dia alguns preços já não são tão amigáveis, mas ver um bom filme e
comer pipoca é sempre uma ótima diversão. Mas nem sempre foi assim. Confira
como tudo começou a seguir:
Há quase 120 anos em 1896, as primeiras projeções
cinematográficas começaram a ser realizadas no Brasil, somente um ano após a
invenção dos irmãos Lumière chamada cinematógrafo (um equipamento portátil que
consistia num aparelho três em um, máquina de filmar, de revelar e projetar)
vir a público. Inicialmente os cinemas faziam parte de peças teatrais ou outros
espetáculos e só a partir dos anos 40 é que passaram a ganhar o formato mais
próximo do que conhecemos hoje, com salas fixas específicas e como um formato
autônomo, sem estar vinculado a outras formas de apresentações culturais,
recebendo grande apoio da imprensa.
Os cinemas começaram como adaptações de espaços já existentes
e, portanto, raramente existiam lugares com mais de uma sala. Com sua frente
diretamente para a rua os cinemas incorporaram para si não apenas como um local
para apresentações cinematográficas, mas também como um espaço de encontro
social importante para as nossas cidades, equiparando-se com o que já acontecia
nas igrejas e também nos teatros e demais espetáculos.
Frente Art Palácio, São Paulo. Fonte Rádio CBN,
blog Mílton Jung.
Inicialmente possuíam um caráter mais popular, ficando para
as óperas e espetáculos teatrais as atrações destinadas às elites, porém tal
concepção rapidamente mudou, não apenas pelo fato das produções
cinematográficas adquirirem maior qualidade, mas também com a criação de salas
mais requintadas buscando esse público.
Em pouco tempo a permanência de um cinema em uma localidade
da cidade incentivou a construção de cafés e demais comércios que se
aproveitavam do acúmulo de pessoas que ocorriam antes e depois de qualquer
filme. Na época também houve o aparecimento dos vendedores de pipoca, que ao
identificar o grande público, locomoviam- se para a frente das salas de cinema
para vender seu produto. Atividade essas, que aos poucos foram sendo
incorporadas para dentro dos cinemas que passaram a vender não só pipoca, mas
bebidas e demais itens de bomboniere.
Entre os anos 40 e 60 muitas salas foram construídas,
algumas possuindo um foco em públicos específicos, como o cinema do bairro
Liberdade em São Paulo especializado em filmes japoneses para os imigrantes.
Salas de cinema existentes em São Paulo
1950-1959. Fonte Conrado, Bruno Campos.
“O crescimento do cinema na cidade de
São Paulo. Salas do Centro x Salas de Bairro”.
É nessa época que temos no Brasil, o auge dos cinemas “de
rua”, maneira como eram chamados os cinemas que possuíam sua entrada
diretamente para o passeio público da cidade. Os halls de entrada dos mesmos
eram cada vez maiores e imponentes, em alguns “tomavam a calçada” integrando o
foyer interno ao espaço público, em outras criavam uma distinção evidente do
externo com o interno até mesmo utilizando-se de temáticas na decoração
evidenciando assim uma experiência para ter naquele espaço.
Hall Cinema Marrocos, São Paulo. Fonte Salas de
cinema de SP.
Nos EUA eram populares também os “drive-ins”. Cinemas
construídos em grandes estacionamentos cujo público assistia aos filmes de
dentro de seus próprios carros, captando o som do filme através de frequências
de rádio.
Imagem 4 – Drive-in. Fonte Boldride
Porém é a partir dos anos 70 que os diversos cinemas
espalhados pela cidade passaram a sofrer com a especulação imobiliária dos
grandes centros. O advento de novas tecnologias como VHS e popularização da TV
também colaboraram na diminuição do público, sobretudo em cidades menores que
antes só possuíam acesso a programações como noticiários através dos
cineclubes. Enquanto isso se expandiu pelas grandes cidades o Multiplex que
substituía os cinemas de rua por salas localizadas em Shopping Centers que
centralizam diversas atividades de lazer e comércio em um único lugar. Más é a
segurança e o ar-condicionado os dois fatores determinantes para o sucesso
deste novo modelo¹.
Salas de cinema existentes em São Paulo
1990-2000. Fonte Conrado, Bruno Campos.
“O crescimento do cinema na cidade de
São Paulo. Salas do Centro x Salas de Bairro”.
Nos multiplex, além da presença cada vez maior de um grande
número de salas, o que proporciona diversos filmes com diversos horários para
exibição em um mesmo lugar, ocorreu também a manutenção das vendas de pipoca,
refrigerantes e demais itens de bomboniere para consumo dentro das salas, itens
estes que antes eram vendidos por terceiros, mas que hoje fornecidos pela
própria rede de cinemas fez aumentar o faturamento a ponto de muitos empresários
do ramo alegarem que vendem pipoca e não sessões de filme. Como afirma Dan
Glickman CEO da MPAA (Motion Picture Association of America) ao alegar que o
milho é o elemento central da economia do cinema².
Mais atualmente com a numeração de poltronas compradas
antecipadamente, feitas até mesmo pela internet, deixou de existir também as
longas filas que se formavam na entrada das salas com objetivo de conseguir o
melhor lugar possível para se assistir aos filmes. O cuidado com a acústica e
as novas tecnologias de projeção e de som transformaram também os interiores
das salas, que ganharam arquibancadas mais inclinadas e telas maiores.
Cinesystem Iguatemi Florianópolis
Atualmente algumas salas de cinema em formato IMAX possuem o
tamanho de suas telas variando em torno de 22 x 16m! Outro recurso que surgiu
foi a tecnologia 3D presente em todas as salas desse formato e em outras salas
de formatos menores, trazendo um novo impulso para a tecnologia envolvendo
projeções e gravações de filmes.
Sala IMAX. Fonte Magazine-HD
Além do tamanho das telas e toda a tecnologia envolvida,
muitos cinemas na tentativa de diversificar o seu público procuram oferecer
diferenciais de serviços e conforto com as salas VIPs, onde encontramos
poltronas reclináveis e em alguns casos até mesmos sofás!
Sala VIP Cinesystem Shopping Maceió
Sala com sofás. Fonte freddieandcinnamon
A supremacia multiplex não fez desaparecer, entretanto, os
cinemas de rua. Apesar de terem restado apenas alguns, eles ainda se mantém
vivos devido a vínculos culturais e a uma nova tendência cult que levou a esses
cinemas filmes pouco apresentados nos grandes complexos de cinema.
Texto escrito por Julian Francisco Vasconcelos Piran, para o
Arquitete suas Ideias.
Texto e imagens reproduzidos do site: arquitetesuasideias.com.br
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