Publicado originalmente no site Overmundo, em 28/10/2007
Cine Brasil um cinema vítima da pirataria
Por Humberto Oliveira (jornalista e cinéfilo)
Cartaz indica a data da última sessão
Hoje à tarde quando vinha para o trabalho vi uma placa que
colocaram no Cine Brasil dizendo “PIRATARIA FECHA CINEMA”. E como ficam os
funcionários e aquelas pessoas que não têm como pagar R$ 12,00 por um ingresso
no Cine Rio ou Cine Veneza?
O que eles farão a partir do fechamento do Cine Brasil para
assistir a um filme? Resposta simples, direta e objetiva – Vão apelar para os
filmes piratas que a cada dia proliferam em Porto Velho, no Brasil e no mundo.
O que não deixa de ser uma ironia. Faz lembrar os versos de Augusto dos Anjos
“a mão que afaga é a mesma que apedreja...”.
No mesmo cartaz também diz que a última sessão acontece dia
30 de outubro quando o Cine Brasil fecha suas portas definitivamente deixando
órfãos inúmeras fãs de cinema que por ali passaram durante todos esses anos de
sua existência.
O projetor do Cine Brasil se calará para sempre deixando o
vazio como lembrança no projecionista e na cabine. Nunca mais aquele brilho de
sonhos na sua tela. Nunca mais o entra e sai de espectadores. Nunca mais dois
ou três filmes em cartaz, para alegria dos espectadores. Nunca meia para todos
em todas as sessões. Nunca mais Cine Brasil.
É triste, mas é verdade. O Cine Brasil merece uma epígrafe -
“AQUI JAZ O CINE BRASIL, POIS APESAR DO NOME QUE MUITO LHE PESOU, ACABOU VÍTIMA
DA PIRATARIA, DO DESCASO E DA OMISSÃO”.
A sétima arte como é chamado o cinema, desde a sua criação
sempre precisou se reinventar para continuar existindo. E isso nunca foi nada
fácil. Se até os pais franceses do Cinema, os irmãos Lumiére diziam que o “cinema
não tem futuro, pois não passa de uma curiosidade de feira”. Ainda bem que eles
estavam enganados.
Primeiro foi à passagem do cinema mudo para o sonoro, cuja
transição destruiu carreiras e consolidou outras. Nos anos cinqüenta viria o
fenômeno de massa chamado televisão e com isso o público não precisa sair de
casa para assistir a um filme.
No entanto os “gênios do sistema” como mágicos sempre a
postos tinham um às na manga como o Cinemascope, o cinema em 3D entre outras
invenções capazes de atrair o público para as salas de cinema que diminuíam
gradativamente causando assim desemprego.
O cinema, como todos sabem, é uma indústria que depende não
apenas de astros, estrelas e diretores, mas de técnicos, extras, roteiristas,
figurantes, e claro salas para exibição dos filmes.
Apesar de arrecadar milhões, isso não é garantia de que uma
sala de exibição, grande ou pequena, consiga sobreviver sem espectadores.
Muitos cinemas em todo o Brasil acabaram sendo transformados em igrejas
evangélicas. No entanto existe agora um perigo maior. A pirataria que acaba de
fazer mais uma vítima, no caso, o Cine Brasil; e vitimando seus funcionários e
a população.
Texto e imagem reproduzidos do site: overmundo.com.br
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